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Economia A epidemia do coronavírus faz as empresas na China atrasarem o pagamento de salários

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Funcionária em fábrica têxtil em Haian, na China: surto criou grande problema para empresas. (Foto: China Daily/Reuters)

A sempre vibrante capital chinesa está irreconhecível. As imagens de grandes avenidas sem trânsito, lojas vazias e poucos pedestres na rua se repetem nas outras metrópoles do país e ilustram o desafio sem precedentes que a China terá pela frente para retomar sua economia e, ao mesmo tempo, conter a epidemia de coronavírus. As informações são do jornal O Globo.

Num país em que as relações trabalhistas são frágeis, os cidadãos não têm acesso a tratamento de saúde gratuito e a mão de obra das fábricas é, em sua imensa maioria, formada por migrantes de outras regiões, voltar à normalidade será uma corrida de obstáculos.

Menos de um terço dos 291 milhões de migrantes conseguiu voltar para casa depois do longo feriado do Ano Novo chinês. Estradas foram fechadas e transportes, suspensos. Essa é a única época do ano em que os registrados nas áreas rurais do país e que trabalham nas cidades voltam para casa.

São as férias longas dos chineses. É a maior migração do planeta: quatro bilhões de viagens. Neste período, a economia diminui o ritmo. Mas, terminado o feriadão, costuma engatar uma quarta e acelerar, o que não aconteceu até agora. E a indústria depende da mão de obra de migrantes.

No último dia 16, segundo o vice-ministro de Transportes, Liu Xiaoming, o tráfego de passageiros nas estradas, ferrovias ou aeroportos correspondia a 20% do registrado no mesmo dia de 2019. Espera-se que 120 milhões de pessoas voltem ao trabalho até o fim deste mês (o que elevaria o contingente de trabalhadores para dois terços da capacidade), e o restante, se a epidemia for contida, apenas em março.

De acordo com a revista chinesa Caixin, a Foxconn, principal fabricante do iPhone na cidade de Zhengzhou, oferece 3.000 yuans (quase R$ 1.900) de bônus aos migrantes da província de Henan, vizinha de Hubei, epicentro da epidemia, se voltarem até o fim do mês.

Risco de falência

Na fábrica de Shenzhen da Foxconn, quem conseguiu retornar recebe salário enquanto cumpre quarentena. Mas, segundo a agência de notícias Bloomberg, a remuneração é de apenas um terço do que os operários receberiam se estivessem trabalhando — na China, é comum que os trabalhadores cumpram jornadas longas, com o pagamento de muitas horas extras e bônus.

Em muitos casos, a empresa optou por pagar férias para os funcionários:

Meu patrão está me pagando pelas férias. Nem tenho como voltar a trabalhar. Não há transporte. Só saio para comprar comida”, disse A. Zhang, que vive em Hebei, a uma hora e meia de onde trabalha.

O governo determinou que as empresas remunerem as folgas aos trabalhadores e que os bancos estatais emprestem para as companhias que não têm como fazê-lo, como forma de evitar que uma perda de renda repentina afete ainda mais a economia.

O problema, segundo Carine Milcent, professora do Centro Nacional Francês para Pesquisa (CNRS), autora de dezenas de livros sobre o sistema de saúde chinês, é que isso só funciona para as grandes. As pequenas não têm como contrair crédito e podem ir à falência. E elas são muitas. Pequenas e médias empresas contribuem com 60% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, e, como em vários lugares do mundo, não costumam ter acesso fácil a financiamento.

Pagamento atrasado

Em Xangai, a fabricante de peças para carros elétricos NIO atrasou o pagamento dos funcionários em uma semana e os pressionou para que aceitassem receber ações da empresa em vez de bônus em dinheiro, relatou a Bloomberg. A situação pode piorar, já que, pela legislação chinesa, as empresas podem adiar salários ou reduzi-los ao piso se tiverem queda no faturamento, desde que cumpram antes um ciclo mensal de pagamento, o que ocorre neste mês.

Se nas fábricas o trabalho é difícil, no comércio e nos serviços a queda no consumo foi brutal. Por todo o país, centenas de milhões de pessoas estão em quarentena voluntária ou forçada. Restaurantes, cafés e lojas estão fechados.

Até as compras pela internet perderam clientes. Há menos motoqueiros para fazer as entregas. E os motoboys que transportam comida, quando chamados, carregam, além do pedido, um certificado de saúde de todos aqueles que manipularam o alimento.

Sem trabalhar, muitos chineses que atuam nesses setores estão sem receber salários. E a China não tem um sistema de saúde gratuito, como o SUS, no Brasil. A contribuição do cidadão depende do tipo de assistência a que tem direito. Há três: urbana, rural e para migrantes. Em todos os casos, ele precisa pagar um percentual do próprio bolso a cada vez que vai ao hospital.

 

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https://www.osul.com.br/a-epidemia-do-coronavirus-faz-as-empresas-na-china-atrasarem-o-pagamento-de-salarios/ A epidemia do coronavírus faz as empresas na China atrasarem o pagamento de salários 2020-02-24
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