Quinta-feira, 15 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 1 de janeiro de 2021
A BioNTech está trabalhando em conjunto com a parceira Pfizer para aumentar a produção de sua vacina contra covid-19, mas seus fundadores alertam que haverá lacunas no fornecimento até que outras vacinas sejam lançadas.
A empresa alemã de biotecnologia liderou a corrida da vacina, mas suas doses demoraram a chegar à União Européia (UE) devido à aprovação relativamente lenta do regulador de saúde do bloco e ao pequeno tamanho do pedido feito por Bruxelas.
Os atrasos causaram consternação na Alemanha, onde algumas regiões tiveram que fechar temporariamente os centros de vacinação dias após o lançamento da campanha de vacinação, em 27 de dezembro.
“No momento não parece bom. Lacunas estão aparecendo porque há falta de outras vacinas aprovadas e temos que preencher esse vazio com a nossa”, disse o CEO da BioNTech, Ugur Sahin, à revista alemã Spiegel.
A vacina da Moderna deve ser aprovada pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA) em 6 de janeiro.
O ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, pediu que a EMA também aprove rapidamente a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e AstraZeneca que o Reino Unido aprovou esta semana. Porém, o calendário da UE para esse tratamento permanece incerto.
A vacina de Oxford tem eficácia que variou entre 62% e 90% a depender da dosagem aplicada, segundo estudo publicado no início da dezembro na revista científica “Lancet”.
Dentre as principais vantagens desta vacina na comparação com outros imunizantes está o fato de ela ser mais barata e mais fácil de armazenar, o que também facilita a sua distribuição. Diferente da vacina Pfizer/BioNTech, por exemplo, ela não precisa ficar guardada a -70°C e pode ser mantida em temperaturas normais de refrigeração, de 2ºC a 8ºC.
Sahin culpa a decisão da UE de espalhar pedidos entre várias empresas na expectativa de que mais vacinas seriam aprovadas rapidamente. Os Estados Unidos encomendaram 600 milhões de doses da vacina BioNTech/Pfizer em julho, enquanto a UE esperou até novembro para fazer um pedido com metade desse tamanho.
“Em algum momento, ficou claro que não seria possível entregar tão rapidamente”, disse Tuereci à Spiegel. “A essa altura já era tarde demais para fazer pedidos subsequentes”.
A BioNTech espera lançar uma nova linha de produção em Marburg, Alemanha, em fevereiro, que pode produzir 250 milhões de doses no primeiro semestre do ano, disse Sahin.
Estão em andamento conversações com fabricantes contratados para aumentar a produção e deve haver maior clareza até o final de janeiro, acrescentou.
Mutação
Sahin disse que a vacina BioNTech / Pfizer, que usa RNA mensageiro para instruir o sistema imunológico humano a combater o coronavírus, deve ser capaz de lidar com uma variante detectada pela primeira vez no Reino Unido que parece ser mais contagioso. A variante já foi detectada no Brasil.
“Estamos testando se nossa vacina também pode neutralizar essa variante e em breve saberemos mais”, disse ele.
Questionado sobre como lidar com uma mutação forte, ele disse que seria possível ajustar a vacina conforme necessário em seis semanas — embora esses novos tratamentos possam exigir aprovações regulatórias adicionais.