Armando Burd A paciência e a vontade de falar

Presidente do Senado, Davi Alcolumbre. (Foto: Moreira Mariz/Agência Senado)

A Assembleia Legislativa não tem mistérios. O resultado de ontem, 40 votos a 13 para tirar da Constituição a exigência de plebiscito e privatizar três estatais, era conhecido há duas semanas.

Os deputados estaduais, cada vez mais, demonstram pendores para debater de modo incansável. Durante cinco horas da sessão plenária, revezaram-se na tribuna para denunciar quem mentiu e quem não mentiu. Uma pegadinha aqui, outra ali. Quem era a favor e agora ficou contra o plebiscito. Uma discussão em torno do passado. Nada mais.

Distante do principal

Em nenhum momento foram trazidos documentos consistentes para conferir a situação das estatais. Sabe-se que as dívidas da CEEE ficam acima do que a venda poderá arrecadar.

Há insatisfação

A bancada estadual do MDB foi convidada pelo governador Eduardo Leite para café da manhã no Palácio Piratini, ontem. Não compareceu. Sinal evidente de que há ruído na linha.

Semestre quase perdido

O 2º turno da emenda sobre o plebiscito ocorrerá na segunda semana de maio. Só depois chegarão ao Legislativo os projetos de privatização da CEEE, da Companhia Riograndense de Mineração e da Sulgás. Precisão passar por comissões técnicas e a votação ficará para agosto. O balanço do 1º semestre mostrará pouquíssimos avanços diante da crise financeira sem precedentes.

Muitos anos depois

Por coincidência, a 23 de abril de 1993, o ministro do Planejamento, José Serra, anunciou que o governo iria acelerar o processo de privatizações e incluir todo o sistema Eletrobras no programa de desestatização. Pesou na decisão, segundo Serra, “a necessidade de expansão do setor elétrico, conjugada com esgotamento da capacidade de financiamento e as metas de redução da dívida pública”.

A privatização da Eletrobras, holding do setor elétrico, só deverá acontecer no início de 2020.

Passo de tartaruga

Mesmo que o Executivo envie em agosto projetos, tratando de questões previdenciárias dos servidores públicos, ficarão por um tempo na gaveta. A Assembleia não tomará decisão antes que o Congresso Nacional vote toda a reforma.

Perfis adequados

Quem acompanha pela TV Câmara as reuniões que tratam da reforma da Previdência não têm dúvida: ali estão atores e atrizes prontos para as filmagens de A Turma do Barulho. A recomendação deverá ser de não apresentar a menores de 18 anos.

O que mudou?

Em abril de 2004, o presidente nacional do PT, José Genoino, publicou artigo com o título Uma Reforma Justa e necessária. Um trecho: “Quem postula uma posição de esquerda não pode ser contra a reforma da Previdência, já que ser de esquerda significa lutar pela justiça, pela igualdade e contra os privilégios”.

Tempo perdido

O presidente Davi Alcolumbre anunciou ontem que o Senado vai compilar uma série de projetos para apresentar a reforma do Pacto Federativo. Para o dia 8 de maio está marcada reunião com governadores, que tratará do assunto.

Não é a primeira vez que isso ocorre. Nas ocasiões anteriores, ao final de muitas reuniões, chegaram à conclusão de que deveriam dobrar a arrecadação de impostos, única forma de contentar a todos. Quer dizer, tratam de aumentar as despesas e esquecem do resto.

Risco em ano eleitoral

As pesquisas que chegam à Câmara Municipal de Porto Alegre, mostrando que a gestão Marchezan está abaixo do esperado, deixam os vereadores receosos. Deverão votar na próxima semana o aumento do IPTU e avaliam se vale a pena enfrentar a contrariedade dos eleitores a partir de janeiro de 2020, quando serão entregues os carnês.

Coisas nossas, muito nossas

O combate ao mosquito da dengue é federal; o pernilongo, atribuição estadual e a mosca se restringe à órbita municipal.

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