Sexta-feira, 10 de maio de 2024

Porto Alegre
Porto Alegre, BR
16°
Light Rain

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Brasil A possibilidade de um político ter o mandato cassado pelo chamado “abuso de poder religioso” enfrenta resistência no Tribunal Superior Eleitoral

Compartilhe esta notícia:

O ministro Fachin abriu a discussão durante julgamento. (Foto: Carlos Moura/SCO/STF)

A possibilidade de um político ter o mandato cassado pelo chamado “abuso de poder religioso” enfrenta resistência no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), segundo o jornal Estadão apurou com quatro dos sete ministros titulares que compõem a Corte. A discussão foi levantada em junho pelo ministro Edson Fachin e é acompanhada com apreensão por aliados do presidente Jair Bolsonaro, que veem no debate uma ameaça à liberdade de religião e uma caça às bruxas contra o conservadorismo. A Corte marcou a retomada do julgamento para a próxima quinta-feira.

Atualmente, a legislação eleitoral prevê três tipos de abuso de poder que podem levar à perda do mandato: o político, o econômico e o uso indevido dos meios de comunicação. Fachin propôs criar também a possibilidade de se punir quem utiliza sua ascendência eclesiástica sobre algum grupo para influenciar na escolha de candidatos.

Nos bastidores, porém, os ministros afirmam que se trata de um tema novo, delicado, sem jurisprudência firmada, o que demanda um estudo mais profundo. A expectativa é a de que os votos sejam longos e aprofundados.

Fachin é o relator do caso que envolve a vereadora de Luziânia (GO) Valdirene Tavares (Republicanos). Pastora da Assembleia de Deus, ela é acusada de usar sua posição na igreja para promover a candidatura, influenciando o voto de fiéis. Valdirene foi reeleita em 2016. O ministro já votou contra a cassação da vereadora, por não encontrar provas suficientes no caso concreto, mas ressaltou que Estado e religião devem ser mantidos separados para garantir a livre escolha dos eleitores.

“A imposição de limites às atividades eclesiásticas representa uma medida necessária à proteção da liberdade de voto e da própria legitimidade do processo eleitoral, dada a ascendência incorporada pelos expoentes das igrejas em setores específicos da comunidade”, disse Fachin no início do julgamento, em junho, num dos trechos mais polêmicos do voto, interpretado como uma crítica severa aos neopentecostais.

O ministro também propôs, no julgamento, a inclusão do abuso de poder de autoridade religiosa em ações que podem eventualmente levar à cassação de mandato de políticos. Alexandre de Moraes discordou do colega nesse ponto. “Não se pode transformar religiões em movimentos absolutamente neutros, sem participação política e sem legítimos interesses políticos na defesa de seus interesses assim como os demais grupos que atuam nas eleições”, observou Moraes, que vai comandar o TSE nas eleições presidenciais de 2022.

Com um voto de cada lado, as atenções agora se voltam para o entendimento dos outros cinco ministros que ainda não se pronunciaram. O TSE é um tribunal híbrido, composto por sete magistrados – três são oriundos do STF, dois do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e outros dois são advogados. Segundo o Estadão apurou, o atual presidente da corte eleitoral, Luís Roberto Barroso, vê com simpatia a posição de Fachin, enquanto Luís Felipe Salomão deve se aliar a Moraes.

O ministro Tarcísio Vieira, da classe dos juristas, é considerado mais autocontido e tenderia a ir contra a criação da figura do abuso de poder religioso. Já os votos de Sérgio Banhos, que ainda pode ser reconduzido ao cargo por Bolsonaro, e Og Fernandes são vistos como incógnita pelos colegas.

Reunião

Para tentar apaziguar os ânimos, Fachin, que é o vice-presidente do TSE, se reuniu por videoconferência com deputados da Frente Parlamentar Evangélica. Durante o encontro, definido como cordial e amigável por participantes, os parlamentares deixaram claro que, na visão deles, é “ativismo judicial” cassar o mandato de políticos – de vereadores a presidente da República – por abuso de poder religioso.

Na opinião dos deputados, qualquer ofensiva nesse sentido dependeria da aprovação de uma lei pelo Congresso Nacional com essa previsão explícita.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Brasil

O Brasil supera 100 mil mortes por coronavírus. O total de infectados soma mais de 3 milhões
Apesar da melhora em julho, a indústria automobilística brasileira produziu neste ano a metade do volume registrado de janeiro a julho de 2019
https://www.osul.com.br/a-possibilidade-de-um-politico-ter-o-mandato-cassado-pelo-chamado-abuso-de-poder-religioso-enfrenta-resistencia-no-tribunal-superior-eleitoral/ A possibilidade de um político ter o mandato cassado pelo chamado “abuso de poder religioso” enfrenta resistência no Tribunal Superior Eleitoral 2020-08-08
Deixe seu comentário
Pode te interessar