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Por Redação O Sul | 30 de maio de 2020
Modelo 3D do Sars-Cov-2, o novo coroavírus, com zoom na proteína Spike.
Foto: Reprodução/Visual SciencePesquisadores apostam em uma vacina desenhada com DNA sintético para obter a imunização contra o Sars CoV-2, de acordo com estudo publicado na “Nature Communications” Os cientistas usaram como bases vacinas idealizadas contra o Sars e o Mers – dois vírus da mesma família que causaram epidemias em 2002, na China, e em 2012, no Oriente Médio, respectivamente.
A família coronavírus foi assim batizada devido a uma estrutura em forma de coroa. O espinho – “spike” – é uma proteína responsável por fazer uma ligação com o receptor ACE2 nas células do corpo humano. Quando isso acontece, o coronavírus consegue gerar a infecção e se multiplicar.
Com isso, o sistema imunológico reconhece a estrutura viral com um corpo estranho e um mecanismo é acionado, que gera a produção de anticorpos e outros componentes. Na maioria das vezes, o próprio sistema da pessoa infectada consegue combater o Sars CoV-2. As vacinas tentam “treinar” o nosso organismo para evitar com que o vírus entre nas células antes da chegada de um vírus real. E caso entre, seja capaz de proteger contra evolução da doença.
“Aproximadamente 20% das pessoas têm sinais da doença Covid-19. O problema é que esse número representa muita gente porque o vírus se espalha muito rápido. A única forma de barrar isso é uma vacina ou um tratamento específico”, disse Gustavo Cabral, imunologista que atua na criação de uma vacina no Brasil.
Os projetos de Sars e Mers
A vacina INO-4700 (feita inicialmente contra o Mers) está em testes clínicos, mas apresentou resultados positivos. Camundongos e porquinhos-da-índia receberam uma dose e produziram anticorpos capazes de neutralizar o vírus, assim como outros componentes do sistema imunológico, as células T (linfócitos T). A eficiência contra o Sars CoV-2 em comparação com o Mers é de 96%, e a imunidade contra o vírus é mantida por 60 semanas.
As pesquisas com a INO-4700 estão na fase 2 na Coreia do Sul. Um dos trabalhos com essa tecnologia foi publicado em 2015 com resultados em macacos. Em 2019, foram divulgados os dados da fase 1 com humanos. Uma etapa maior da fase 2 está prevista para começar no Oriente Médio.
“Após a imunização de camundongos e porquinhos-da-índia com INO-4800, medimos as células T específicas para os vírus, anticorpos funcionais que neutralizam a infecção por Sars CoV-2 e bloqueiam a ligação da proteína ACE2 (…). Este conjunto de dados preliminares identifica a INO-4800 como uma potencial candidata à vacina contra a Covid-19”, disseram os autores.
ACE2 e DNA sintético
Os receptores ACE2 são encontrados em células do coração, dos rins e em outros órgãos. Pesquisas científicas recentes, inclusive no Brasil, os apontam como a “porta de entrada” do coronavírus nas células no corpo humano.
A vacina usa a sequência genética expressa pela proteína “Spike” em um DNA sintético criado em laboratório. O vírus não é inserido no corpo humano, apenas uma parte dele, que não apresenta risco. E com isso, produz a “Spike” dentro do organismo e faz com que o sistema imunológico identifique o “corpo estranho” e desenvolva uma proteção real antes da chegada do coronavírus.