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Colunistas Abre alas, que o samba quer passar

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(Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Carnaval é sinônimo de alegria, descontração, irreverência. Blocos, escolas e foliões aproveitam os dias de momo pra exercitar a liberdade. De certa forma, retomam o tempo das saturnais romanas. Era um período alegre.

Os servidores públicos entravam em recesso. Os tribunais fechavam as portas. Nenhum criminoso podia ser punido. Libertavam-se os escravos para assistir aos festejos. As famílias ofereciam banquetes.

Durante as celebrações, invertiam-se as posições sociais. Os escravos davam ordens aos senhores. Os senhores lhes serviam iguarias à mesa. Todos se mascaravam para ficar mais à vontade. Há quem diga que as máscaras nasceram aí. No Brasil, reservam-se quatro dias no calendário pra brincar — com disfarces ou sem disfarces.

Manda quem pode

Carnaval é coisa séria. Tão séria que a Igreja o controla. É a Santa Sé que manda na festa. Começa pelo calendário e chega ao nome. Ela diz: “O momo só pode reinar 40 dias antes da quaresma. Vai do Dia de Reis (6 de janeiro) à quarta-feira de cinzas. Depois disso, o mundo se veste de roxo”.

Cadê autonomia?

A quarta-feira de cinzas depende da Páscoa. A ressurreição de Cristo se comemora no primeiro domingo depois do primeiro domingo de Lua cheia de março. Em que dia cai? Varia. Depende dos caprichos do satélite da Terra.

O batismo

A Igreja foi além do calendário. Interferiu no nome. Carnaval vem de carne. Significa dias em que a carne é liberada. Opõe-se à quaresma, período de abstinência. Como festa pagã, escreve-se com inicial minúscula.

Antes de chegar a esta alegre Pindorama, a palavrinha bateu pernas. Desembarcou aqui por via do italiano carnevale. Mas seu berço é o latim. Na língua dos Césares, significava “adeus à carne”.

Prole

O carnaval deitou e rolou nesta terra mestiça. Deu filhotes. Dele nasceu carnavalesco. O sufixo –esco é velho conhecido nosso. Aparece em adjetivos. Mas não qualquer adjetivo. Só nos derivados de substantivos. Quer dizer semelhante, parecido. Carnavalesco é semelhante a carnaval. Dantesco, a Dante. Burlesco, a burla (zombaria). Momesco, a momo.

A família cresceu. Veio o neto — o advérbio carnavalescamente. Reparou? Ele é filho do adjetivo (carnavalesco). Cuidado ao usá-lo. Dizer que uma pessoa se comporta carnavalescamente às vezes ofende. O recado é este: você age como se estivesse no carnaval. Parece palhaço.

Eles disseram

“Meu fumo é minha ioga / Você é minha droga / Paixão e carnaval / Meu zen, meu bem, meu mal.” (Caetano Veloso)

“Eu não quero mais chorar / Por causa de um amor qualquer / Minha dor tem de acabar / No carnaval, se Deus quiser. (Gilberto Gil)

“Que ideia a de que no carnaval as pessoas se mascaram. No carnaval desmascaram-se.” (Ferreira Vergílio)

“Se a única coisa que de o homem terá certeza é a morte; a única certeza do brasileiro é o carnaval no próximo ano.” (Graciliano Ramos)

Leitor pergunta

Ouvi uma repórter dizer: “A gente vai ir pra lá”. Soou mal. — Uriel Villas Boas, lugar incerto.

É redundante. Basta “a gente vai pra lá”.

***

Tenho duas questões: a palavra talvez tem plural? A palavra fezes só se usa no plural? — Ricardo Eugênio Perez, lugar incerto.

Em português, todas as palavras podem ser substantivadas. Basta acrescentar-lhes um artigo, um pronome ou um numeral. Como substantivos, têm plural: o vestir (os vestires), um não (dois nãos), este quê, aqueles quês.

O talvez não foge à regra. É advérbio, mas pode virar substantivo: o talvez, os talvezes.

*

Fezes joga no time de férias, óculos, pêsames, víveres. Só se usa no plural.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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