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Brasil “Acredito que já atravessamos o pior momento em termos de saúde pública”, diz um ex-diretor do Ministério da Saúde

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Júlio Croda foi diretor no Ministério da Saúde na gestão de Luiz Henrique Mandetta. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

À custa do sofrimento do país inteiro e de cem mil vidas perdidas, parte do Brasil parece ter alcançado a chamada imunidade coletiva, embora ainda sejam contados em milhões os vulneráveis ao coronavírus. O pior já passou, diz o infectologista Júlio Croda, professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e da Escola de Saúde Pública de Yale.

Croda, diretor do Departamento de Imunizações e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde na gestão de Luiz Henrique Mandetta, diz que há luz para iluminar os próximos meses e evitar outras milhares de mortes, mas depende de ações do governo e da sociedade.

1) Em abril, o então secretário executivo da Saúde, João Gabbardo, chegou a dizer que o Brasil não chegaria a 100 mil mortes. O que deu errado?

Falta de liderança, de gestão. O Ministério da Saúde deixou de cumprir seu papel de gestor, de ajudar os estados em pior situação, de coordenar os esforços.

2) O que o governo federal deveria ter feito e não fez?

A função do governo é orientar e apoiar os estados, os mais pobres, os que têm mais mortes. Mas o Ministério da Saúde perdeu a capacidade de gestão. O governo federal tem culpa. Mas há gestores estaduais com parcela de responsabilidade.

3) Como quais?

São Paulo foi melhor que o Rio de Janeiro, e a Bahia melhor do que o Ceará, por exemplo. Os estados que controlaram melhor chegaram a um platô que agora cai gradualmente. São Paulo tem um platô, estados que têm platôs achataram ou estão achatando a curva. Já o Rio, por exemplo, teve um pico e depois despencou. Isso é o esperado quando não há intervenção eficiente. Pico elevado e redução brusca é a história natural da doença.

4) O que é isso?

É o ciclo normal de uma epidemia. Ela pega todos os vulneráveis que encontra pela frente e encolhe à medida que eles adoecem ou morrem e há menos gente para transmitir o vírus. Os suscetíveis que ficam são os que se protegeram com o distanciamento. Eles agora estão expostos ou vão se expor. E, friso, numa população grande, os suscetíveis são muitos.

5) Estudos sugerem que a imunidade coletiva contra o coronavírus é menor do que a estimada e alcançada quando cerca de 20% da população é infectada. O que isso significa?

Alguns estados e municípios estão perto do limiar da imunidade coletiva. É o caso da Região Norte, principalmente o Amazonas, do Rio de Janeiro, capital, e de Fortaleza. Isso quer dizer que o vírus já não se propaga com tanta facilidade, mas ainda circula. Há vulneráveis que, sem distanciamento social, vão se expor. E, por isso, ainda morrerá muita gente.

6) Por quê?

Um percentual de 20% de infectados para chegar à imunidade coletiva numa população grande como a nossa é muita gente, cerca de 40 milhões de pessoas. E imunidade coletiva não quer dizer que todo mundo está protegido, e sim que a transmissão não ocorre com tanta intensidade, não há explosão de casos nem colapso do sistema de saúde.

7) O pior já passou?

Acredito que já atravessamos o pior momento em termos de saúde pública. No Rio de Janeiro, por exemplo, não deve haver uma segunda onda maior do que a primeira na capital. Mas a pandemia não acabou de forma alguma. O número de casos vai aumentar, isso é esperado. Porém, não teremos o caos. Exceções podem ser municípios do interior.

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