Sexta-feira, 19 de abril de 2024

Porto Alegre

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Mundo Acusado de assédio sexual, o prefeito de Seul deixou um bilhete antes de seu provável suicídio, dizendo: “Peço perdão a todos”

Compartilhe esta notícia:

Prefeito de Seul, Park Won-soon, foi acusado de assédio. (Foto: Reprodução/Wikipedia)

O prefeito de Seul, Park Won-soon, falava a jornalistas sobre seus planos para o mundo depois da pandemia — incluindo uma cidade mais inovadora e segura para mulheres – quando horas depois de sua entrevista, uma de suas secretárias o acusou de assédio sexual.

No dia seguinte ao fato, Park cancelou sua agenda. Em sua mesa na residência oficial, escreveu uma nota à família, pedindo que seu corpo fosse cremado e as cinzas espalhadas perto dos túmulos de seus pais, em sua cidade natal.

“Peço desculpas a todos, agradeço a todos que estiveram comigo em minha vida. Para sempre pedirei desculpas à minha família, a quem apenas trouxe dor”, disse Park no bilhete, publicado pelo New York Times. “Adeus a todos.”

Encontrado morto na quinta-feira (9), em um caso tratado como suicídio pela polícia, Park Won-soon chocou o mundo político sul-coreano, colocando fim a uma história que há tempos chamava a atenção.

Homenageado – Advogado de direitos humanos e defensor das populações mais vulneráveis da sociedade, Park atuou contra empresários, políticos e venceu o primeiro caso de assédio na Coreia do Sul, onde leis sobre abuso são recentes. Para muitos, era o sucessor natural de Moon Jae-in, o presidente sul-coreano, cujo mandato acaba em 2022.

Não se sabe o que motivou o suicídio. Aliás, quando um político tira a própria vida na Coreia do Sul, a opinião pública geralmente se torna favorável ao seu legado, e as autoridades evitam as investigações. Foi o que ocorreu com o presidente Roh Moo-hyun, em 2009, em meio a denúncias de corrupção.

Park era um dos sete filhos de uma família rural na Coreia do Sul, durante os anos que sucederam a Guerra da Coreia (1950-1953). Em suas memórias, falou sobre como seus pais só tinham dinheiro para pagar as mensalidades dos filhos homens, e sobre como suas irmãs sacrificaram sua educação por ele.

Pouco depois de entrar para a Universidade Nacional de Seul, a principal do país, participou de um protesto contra o então governo ditatorial, sendo mandado à prisão por quatro anos e sendo expulso da instituição. Ele mudou de universidade e passou no exame da ordem dos advogados local.

Ficou conhecido por atuar em casos relacionados à liberdade de expressão e direitos das mulheres — inclusive sendo premiado por isso, em 1998. Também atuou no combate à corrupção, com investigações e processos que acabaram com a condenação de empresários. Um deles, o então presidente da Samsung, Lee Kun-hee, em 2009, condenado por evasão fiscal e fraude.

À frente da prefeitura de Seul desde 2011, adotou medidas ligadas à educação e emprego, além do compromisso de tornar as ruas da maior cidade da Coreia do Sul mais seguras para as mulheres. Patrulhas específicas, um aplicativo de alerta e mesmo um sistema de fiscalização de banheiros para destruir câmeras escondidas, um problema tristemente comum no país. Por outro lado, era criticado por suas visões a favor da reconciliação com a Coreia do Norte — certa vez, chegou a defender um amistoso entre as duas seleções de futebol como estratégia política.

Na pandemia do novo coronavírus, foi elogiado por conter a doença, com 1.390 casos na metrópole de 10 milhões de pessoas, adotando uma política agressiva de distanciamento social, muito embora a cidade conviva hoje com um novo surto da doença.

Com o anúncio da descoberta do corpo de Park Won-soon, encontrado em um local histórico do Norte de Seul, centenas de pessoas, incluindo subordinados e apoiadores, se juntaram na frente do hospital da Universidade Nacional. Entre os gritos, “acorde, Park Won-soon”, “te amamos, Park Won-soon” e “como vamos ir em frente agora, com tanto trabalho a ser feito?”.

Diante das denúncias de assédio, o governo municipal pediu à imprensa que não publicasse alegações não confirmadas contra ele. A família emitiu uma declaração sugerindo aos jornalistas que não circulassem “acusações unilaterais ou sem base”.

“Ele era mais forte e mais apaixonado do que qualquer um, então é natural se perguntar ‘por quê?'”, disse Lee Min-ju, assessora de imprensa de Park, citada pelo The New York Times. “Mas ele escolheu pôr fim à sua vida e enterrar tudo com ele, sem deixar seu lado da história. Então, todas as informações sobre o caso serão, essencialmente, especulativas.”

Nas redes sociais, em meio às condolências, também surgiram pessoas exigindo que as acusações contra o prefeito não desaparecessem — alguns diziam que a prefeitura de Seul tentava apagar o escândalo às custas da denunciante.

Uma petição com cerca de 250 mil assinaturas se mostra contra os planos para um funeral de cinco dias para ele, contra os habituais três dias. O texto afirma que as investigações serão encerradas, mas faz um questionamento: “Será que sua morte é uma morte honrosa? Que tipo de mensagem vocês querem mandar às pessoas?”

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Mundo

A Justiça dos Estados Unidos suspendeu a primeira execução de um prisioneiro desde 2003
Tubarão mata surfista na Austrália
https://www.osul.com.br/acusado-de-assedio-sexual-o-prefeito-de-seul-deixou-um-bilhete-antes-de-seu-provavel-suicidio-dizendo-peco-perdao-a-todos/ Acusado de assédio sexual, o prefeito de Seul deixou um bilhete antes de seu provável suicídio, dizendo: “Peço perdão a todos” 2020-07-11
Deixe seu comentário
Pode te interessar