Segunda-feira, 21 de julho de 2025

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Economia Agronegócio brasileiro aciona diplomacia para conter impacto de tarifas de Trump

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No Brasil, o setor tenta se reorganizar frente à medida unilateral. (Foto: EBC)

Desde o inesperado anúncio da taxação de 50% sobre produtos brasileiros imposta pelo presidente americano, Donald Trump, aguardada para entrar em vigor em 1° de agosto, a incerteza se abateu sobre o agronegócio brasileiro.

“O setor está procurando entender como a gente precisa atuar para reescalonar e redirecionar essas cargas e a produção. As indústrias brasileiras decidiram pausar temporariamente a produção destinada aos Estados Unidos”. Foi o que disse Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Carne Bovina (Abiec) em conversa com a imprensa internacional na sexta-feira (11).

Em missão nos Estados Unidos, Perosa tem se encontrado com importadoras, que também se dizem surpreendidas.

Naquele país, a expectativa agora é de subida dos preços, já que a carne brasileira tem complementado a demanda do mercado americano, abalado pela baixa na pecuária devido a seca em áreas produtivas.

No Brasil, o setor tenta se reorganizar frente à medida unilateral. A Abiec afirma que a relação comercial era benéfica para os Estados Unidos, já que a carne brasileira era comprada a um custo bem inferior ao vendido aos consumidores americanos, o que ajudava a baratear o preço naquele país.

“Agora nos apresentam uma decisão política desta, fomentada inclusive por um grupo político no Brasil. É assustador, é muita imprevisibilidade. Os limites da atuação política não podem causar prejuízos à população do nosso país”, afirma Perosa sem citar a família Bolsonaro, temendo impactos nos empregos no Brasil.

O governo brasileiro tenta conter a crise com diplomacia. O país evita adotar a reciprocidade e diz que vai aguardar a sobretaxa entrar em vigor enquanto tenta negociar prazos e percentuais menores.

Os Estados Unidos são destino de 7% de todos os produtos brasileiros exportados.

“É um momento difícil da nossa relação internacional. Vamos esperar ‘abaixar a poeira’. Se não houver consenso, o Brasil é soberano, não aceitará imposições unilaterais”, afirma Luís Rua, secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) aos jornalistas.

Segundo o governo federal, a estratégia de diversificar mercados se acelerou depois da eleição de Trump. Desde que Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o terceiro mandato, o Mapa diz ter aberto 393 novas oportunidades para exportadores brasileiros.

A Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) prevê impactos negativos em toda a cadeia produtiva exportadora do agro. A entidade diz apostar numa solução democrática e incentiva o diálogo entre os governos antes que as tarifas entrem em vigor.

Além da carne bovina, a associação prevê solavancos na agroindústria brasileira de papel e celulose, suco de laranja, açúcar e café.

“Se trata de uma questão política que precisa ser debatida entre os países. Afinal, tal ação não vai só desfavorecer o exportador brasileiro, mas também o próprio consumidor americano”, diz a nota da associação.

Num cenário já afetado pela crise climática, que provocou baixas na produção pelo mundo, o mercado global de café também deve sentir as consequências.

Isso porque o Brasil é o maior produtor e exportador global do grão, e os Estados Unidos são os maiores consumidores.

“É um momento de muita tensão, muita preocupação. Mas um não vive sem o outro. O Brasil é o maior fornecedor de café para os Estados Unidos, que têm 76% de sua população que toma a bebida, o que faz deles os maiores consumidores do planeta”, afirma à DW Marcos Matos, diretor do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

Das 24 milhões de sacas de café consumidas pelos americanos no ano passado, 8,1 milhões vieram do Brasil, apontam os dados do Cecafé. Na conta por países, Estados Unidos, Alemanha e Itália são os maiores compradores desse produto brasileiro.

O grão que sai das lavouras do Brasil é fundamental para movimentar a indústria americana em torno da bebida. Um estudo econômico recente da National Coffee Association mostrou que para cada dólar de café verde importado, 43 dólares são gerados na economia.

Diferentemente da carne, o café não é plantado nos Estados Unidos. Fontes ouvidas pela DW afirmam que entidades e empresas americanas trabalham nos bastidores para reverter a taxação. Elas preferem agir longe dos holofotes, com receio de enfrentamentos e interpretações equivocadas de setores políticos.

“A gente confia no governo brasileiro. Todo o ministério está empenhado. Confiamos numa negociação pragmática, estratégica, com viés econômico”, pontua Matos.

A sobretaxa coloca em risco o setor de suco de laranja brasileiro, afirma a CitrusBR, associação que representa os exportadores. Na safra 2024/25, quase metade do que foi vendido para fora país foi para os Estados Unidos (41,7%).

Por meio de nota, a associação explica que, com a nova tarifa, cerca de 72% do valor total do produto passariam a ser recolhidos em tributos, inviabilizando as exportações para aquele mercado.

“Trata-se de uma condição insustentável para o setor, que não possui margem para absorver esse tipo de impacto”, diz a nota.

O setor prevê consequências graves como a interrupção de colheitas, desorganização nas fábricas e paralisação do comércio. Embora a União Europeia seja o maior mercado do suco brasileiro, ela não deve ter capacidade de absorver o excedente.

“A CitrusBR, em comunicação com o governo brasileiro, reiterou a necessidade de que o Brasil exerça plenamente sua tradição diplomática, mobilizando todos os recursos do Estado brasileiro para lidar na proteção dos interesses dos seus cidadãos, do emprego e da renda”, diz a nota divulgada à imprensa. As informações são da emissora internacional de notícias da Alemanha Deutsche Welle.

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https://www.osul.com.br/agronegocio-brasileiro-aciona-diplomacia-para-conter-impacto-de-tarifas-de-trump/ Agronegócio brasileiro aciona diplomacia para conter impacto de tarifas de Trump 2025-07-12
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