Terça-feira, 23 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 5 de julho de 2020
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes autorizou a soltura do blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio, que estava sob prisao temporária desde o último dia 26 sob suspeita de envolvimento na organização de atos antidemocráticos contra o Congresso Nacional e o STF.
Em sua decisão, Moraes também proibiu Eustáquio de utilizar redes sociais nas quais teria promovido esses atos, de chegar a um quilômetro da Praça dos Três Poderes e de organizar manifestações contra o Legislativo e o Judiciário, ou que incitem as Forças Armadas pelo fechamento dos Poderes.
A Polícia Federal suspeita que Eustáquio tentou sair do país, porque ele foi preso próximo à fronteira do Paraguai, e estaria enganando as autoridades em relação aos seus endereços. Por isso, a PF pediu a decretação de medidas cautelares contra Eustáquio. A Procuradoria-Geral da República (PGR) apontou que, após os investigadores terem obtido o endereço exato do blogueiro e realizado busca e apreensão no local, não havia ainda motivos para mantê-lo preso ou que não havia fundamentos legais para determinar essas medidas contra ele.
Moraes também proibiu que Eustáquio mantenha contato com outros investigados e se ausente do Distrito Federal, onde possui residência. O inquérito sobre os atos antidemocráticos investiga a criação artificial de conteúdos a favor da intervenção militar e que envolveria também a obtenção de lucro por meio da veiculação desses conteúdos nas redes sociais. Fariam parte do esquema blogueiros, extremistas, empresários e parlamentares.
Por meio da veiculação desses conteúdos, os envolvidos obtém engajamento nas redes e, com esse engajamento, recebem remuneração por meio dos espaços publicitários dessas redes sociais, obtendo pagamentos graças a essas publicações que incitam o fechamento dos Poderes.
Quem é?
“Jornalista investigativo, apaixonado pela verdade, inimigo da corrupção e conservador”. É assim que Oswaldo Eustáquio, de 42 anos, se apresenta aos quase 106 mil seguidores que reúne em sua conta no Twitter. Investigado na Operação Lume, inquérito que apura a promoção de atos antidemocráticos favoráveis ao fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF), Eustáquio é um dos influenciadores que integra o núcleo duro da base de apoio ao presidente Jair Bolsonaro na web. Ele estava sendo monitorado devido ao risco de tentar fugir do país. Nas redes sociais — há ainda um canal com 315 mil inscritos no Facebook e uma página com 9,4 mil seguidores no Facebook, pouco ativa — o blogueiro afirmou hoje que estava no Paraguai e relacionou a viagem a uma observação jornalística sobre práticas internacionais de combate à pandemia da Covid-19.
“O nosso núcleo de jornalismo investigativo está no Paraguai e descobriu o segredo do sucesso do país vizinho no combate ao coronavírus (…). A receita é simples: Comércio aberto e combate à desinformação da mídia”, escreveu Eustáquio às 11h48m, no Twitter. Ele foi detido cerca de uma hora depois, em território nacional.