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Redação O Sul
| 27 de maio de 2020
Um grupo heterogêneo de aliados bolsonaristas foi alvo, na manhã desta quarta-feira (27), de uma operação da Polícia Federal (PF) deflagrada por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito do inquérito das fake news, que investiga ameaças, ofensas e notícias falsas disparadas virtualmente contra os integrantes da Corte e seus familiares.
A PF cumpriu 29 mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), ao deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP), ao blogueiro Allan dos Santos, ao empresário Luciano Hang (dono das lojas Havan), a ativista Sara Winter, o humorista Rey Bianchi e a outros apoiadores do presidente Jair Bolsonaro.
O grupo, muito ativo na internet, foi às redes sociais se manifestar contra o STF e denunciar uma suposta politização da Corte.
Em sua conta no Twitter, o deputado paulista Douglas Garcia publicou um vídeo em que diz sofrer “perseguição no inquérito inconstitucional estabelecido pela ditatoga com o intuito de criminalizar a liberdade de expressão e a atividade parlamentar”.
A ativista conservadora Sara Winter teve celular e computador apreendidos na ação. Nas redes sociais, ela criticou o ministro Alexandre de Moraes. “Comprovou que está a serviço de uma ditadura do judiciário”, escreveu em sua conta no Twitter.
Em transmissão ao vivo nas redes, o blogueiro Allan dos Santos classificou o processo como inconstitucional, se referiu aos integrante do Supremo como “patetas” e criticou diretamente Alexandre de Moraes. “Tem que rir da cara desses patetas, continuar rindo da cara deles. Eles querem intimidar: ‘cuidado, eu tenho poder policial’. Você não tem poder nenhum, você tem a letra da lei”, criticou Santos. “Qual o poder que Alexandre de Moraes tem? Ele vai deixar de ser ministro da Suprema Corte e vai ser lembrado como o homem que envergonhou a história da Suprema Corte brasileira. Ele vai ser conhecido mundialmente como o ministro brasileiro que agiu como um ministro do Kim Jong-un (líder norte-coreano), do Xi Jinping (presidente da China), um ministro de Cuba ou do (Vladmir) Putin, da Rússia. Ele destruiu a honra da Suprema Corte.”
Apesar de não ser alvo da operação de hoje, o filho 02 do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), classificou o inquérito como “inconstitucional, político e ideológico”. Carlos lidera o chamado “gabinete do ódio”, departamento que funciona no terceiro andar do Planalto, ao lado da sala do presidente, onde atuam assessores responsáveis pelas redes sociais pessoais de Bolsonaro.
Um dos mais novos aliado de Jair Bolsonaro, o ex-deputado e presidente do PTB, Roberto Jefferson, teve computadores e armas apreendidos. Ele se referiu ao STF como “tribunal do Reich”, em referência à Alemanha nazista. “Atitude soez, covarde, canalha e intimidatória, determinada pelo mais desqualificado Ministro da Corte”, escreveu.
Assim como os outros alvos da ação, o empresário Luciano Havan, um dos financiadores da campanha bolsonarista, também teve celular e computador apreendidos. Ele é suspeito de patrocinar o disparo de notícias falsas contra os ministros do Supremo. “Jamais atentei ou fiz fake news contra o STF. Dessa forma, entregando o meu celular, entregando o meu computador pessoal, vai estar tudo esclarecido”, disse aos seguidores em vídeo publicado no Twitter.
A Polícia Federal também foi ao apartamento do humorista Rey Bianchi. Em vídeo gravado pelo próprio comediante, ele mostra mostra o mandado judicial recebido e afirma que os agentes foram até ele para prendê-lo. “A mando do STF, pasmem, a Polícia Federal foi na minha casa para me prender! Acham que fiquei com medo? Sou honrado, íntegro e a verdade está ao meu lado! Pra combater a corrupção, a injustiça, contem comigo! E não, não fui preso”, postou.