Quinta-feira, 16 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 24 de dezembro de 2018
Mais denúncias sobre supostos desvios cometidos pelo executivo franco-brasileiro Carlos Ghosn, 64 anos, ex-presidente da Nissan Motor, foram encaminhadas à Promotoria de Justiça de Tóquio, no Japão. Preso desde o mês passado, Ghosn teve o pedido de detenção prorrogado por mais dez dias, podendo ser ampliado.
Os investigadores apuram se a empresa de gestão de ativos, com a qual o executivo negociava, mantinha um contrato de troca de moedas com o Shinsei Bank, com sede em Tóquio. Há informações de que o banco solicitou garantia adicional, Ghosn propôs mudar os direitos de negociação para a Nissan.
Em meio às negociações, o banco pediu ao executivo para obter a aprovação da diretoria da Nissan. Ghosn teria pressionado o conselho da montadora a aprovar o plano sem revelar que estava relacionado ao seu comércio pessoal.
Os diretores teriam sido informados de que um alto funcionário da secretaria da empresa, que era o assessor próximo de Ghosn, estaria encarregado do comércio de moedas.
Segundo a defesa do executivo, ele mudou os direitos de negociação para a Nissan, mas não causou nenhum dano à montadora porque assumiu as perdas que foram incorridas durante esse período. Ghosn nega a alegação de quebra de confiança agravada.
Prisão
No domingo (23) o Tribunal Distrital de Tóquio acatou o pedido da Procuradoria de Justiça de prorrogar por mais dez dias a prisão do executivo franco-brasileiro, que permanecerá sob custódia até 1º de janeiro.
Recentemente houve uma nova ordem de prisão contra Ghosn. Além da denúncia de fraude, ele é acusado de fazer transferência de recursos de investimentos privados para a empresa, no valor de US$ 14 milhões para uma subsidiária da montadora dirigida por um amigo na Arábia Saudita.
De acordo com a defesa de Ghosn, o saudita é uma figura rica e conhecida, que já havia ajudado a resolver problemas da Nissan no país do Oriente Médio. Segundo Ghosn, o saudita é próximo da família real e também trabalhou como lobista da Nissan.
Demissão
O empresário franco-brasileiro Carlos Ghosn, preso no Japão por suposta irregularidade na informação sobre lucros, foi demitido no final de novembro do comando da Nissan. O conselho da montadora aprovou por unanimidade sua demissão.
Além de Ghosn, também foi exonerado o assessor da Nissan Greg Kelly, preso no Japão por envolvimento nas irregularidades do ex-chefe. Os promotores de Justiça alegam que ele subestimou metade dos US$ 90 milhões de dólares que ganhou ao longo de um período de 5 anos.
Ghosn liderou a montadora por cerca de 20 anos e supervisionou a aliança da Nissan com a montadora francesa Renault e a japonesa Mitsubishi Motors. O brasileiro, de 64 anos, foi detido em Tóquio no dia 19 de novembro, acusado inicialmente de esconder das autoridades renda pactuada de perto de 5 bilhões de ienes (US$ 44 milhões).