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Por Redação O Sul | 12 de julho de 2020
As Cataratas do Iguaçu, uma das maravilhas naturais do mundo, foram parcialmente reabertas no último sábado (11) apenas para os moradores da região na Argentina, depois de 100 dias fechada por causa da pandemia do coronavírus. “Essa reabertura indica esperança e o começo de uma nova etapa pela qual estamos passando no contexto da pandemia global”, afirmou Claudio Filippa, prefeito da cidade de Puerto Iguazú, onde ao redor estão as cataratas.
O Parque Nacional Iguazú tem 275 cachoeiras, em uma queda de 2.700 metros de diâmetro e com uma altura máxima de 82 metros, situada 1.300 km ao norte de Buenos Aires, próximo às fronteiras com o Brasil e o Paraguai. 80% das cachoeiras estão no lado argentino do parque, e os 20% restantes estão no lado brasileiro.
O parque poderá receber apenas 200 visitantes por dia, divididos em grupos de 50, com entrada gratuita e limitada para os moradores de Iguazú, que tem uma população de 45.000 habitantes. As Cataratas são uma das Sete Maravilhas Naturais do mundo, de acordo com a New7Wonders Foundation, e um dos principais destinos turísticos do país.
Argentina
Os argentinos aguentaram mais de cem dias dentro de casa. No início da quarentena, uma das mais longas do mundo, o país registrava entre 80 e 150 casos por dia. Em junho, o presidente Alberto Fernández até ensaiou uma flexibilização, mas a chegada do inverno foi fatal. O frio aumentou o número de infecções e obrigou o governo a voltar atrás. Após a retomada do confinamento, o clima nas ruas de Buenos Aires é uma mistura de raiva, angústia e incerteza.
Na última quinta-feira (9), feriado do Dia da Independência, muitos argentinos saíram às ruas das principais cidades do país em marchas e carreatas para protestar contra a volta do confinamento. No dia seguinte, a Argentina registrou o recorde de 3,6 mil novos casos e 54 mortes em 24 horas – pouco diante da tragédia dos vizinhos, mas um número alto se comparado aos primeiros meses da pandemia.
Ao Estadão, o médico e ex-diretor de ação sanitária da Organização Mundial da Saúde (OMS), Daniel López-Acuña, disse que o clima não ajudou a Argentina. “O isolamento começou nos meses mais quentes. A chegada do inverno aumentou a disseminação do vírus”, afirmou, referindo-se à tendência de maior aglomeração em espaços fechados após o país registrar suas primeiras temperaturas negativas. “O grande problema passou a ser como manter o isolamento por tanto tempo, já que a única coisa que funciona é a redução da mobilidade.”.
Não é que a quarentena tenha sido um fracasso na Argentina. O isolamento, que foi levado a sério pela maioria da população, salvou vidas. Hoje, o quadro epidemiológico é menos dramático do que no restante da América do Sul. Por iniciar o confinamento tão cedo – em 20 de março –, o país tem uma das menores taxas de mortalidade por habitante da região – 1.774 mortos e mais de 94 mil infectados. Mas a longa quarentena deixou duras consequências emocionais para a sociedade e ainda mais terríveis para a economia.
“A quarentena foi necessária para evitar uma catástrofe como na Europa. O esquema era fecharmos tudo enquanto o governo fortalecia o sistema de saúde. Mas percebi que isso não foi feito. Não havia novos hospitais, leitos nem nada”, disse Pablo Winokur, pai de dois filhos, de 6 e 2 anos, que ficou três meses confinado em casa.