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Cláudia Fam Carvalho As vacinas serão a saída dessa pandemia

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Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Domingo assisti atentamente ao pronunciamento da ANVISA quanto as vacinas, tema de extrema relevância dado o momento que estamos vivendo. De fato não consigo imaginar algo de mais importante a se fazer em um domingo de manhã. Não para mim, pelo menos. E digo: fiquei bastante satisfeita com o que vi! Profissionais sérios, competentes e inteligentes, que fizeram uma excelente análise técnica e ponderada com os dados recebidos das fabricantes de vacina.

Para quem assistiu ficou evidente que permanecem dúvidas cruciais quanto à eficácia ao longo do tempo, imunidade celular, indicação em idosos, crianças, dentre outros.

Mesmo apesar das inúmeras limitações, dada a gravidade da situação, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária achou de relaxar suas exigências e autorizou as vacinas em caráter emergencial, com orientação de monitoramento constante e possibilidade de revogação a qualquer momento.

Acredito que as vacinas serão a saída dessa pandemia e fico contente de termos dado esse primeiro passo, no caminho da do seu final. No entanto, de acordo com o que foi demonstrado, me parece que ainda teremos um necessário longo período de aprimoramento das mesmas para que possamos ter mais segurança.

O estudo dos dados fornecidos da Coronavac, em especial, única disponível para nós no momento, não detalhou nem ao menos o tempo entre a primeira dose e segunda de maneira satisfatória, praticamente não testou idosos, que são o grupo de maior risco e que mais necessitariam da vacina, e tão pouco logrou demonstrar a eficácia da vacina de forma inequívoca dado que no grupo placebo apenas 7 pessoas tiveram Covid 19 moderada ou grave, demonstrando que o evento doença foi muito raro na amostra estudada, o que torna mais difícil a possibilidade de demonstrar a efetividade da vacina de uma forma clinicamente revelante (de maneira bem resumida e simplificada: a chance de se ter covid moderada ou grave usando a vacina foi 0 e não usando a vacina foi 0,1 nessa amostra). Alem disso, foi colocado, ainda, que a Anvisa solicitou acesso ao banco de dados, o qual não foi autorizado até o momento, o que seria importante para uma verificação e melhor possibilidade de avaliação.

A Anvisa claramente reduziu o seu grau de exigência ponderando o momento da pandemia, visto que há possibilidade das vacinas trazerem mais benefício do que malefício, decisão difícil que certamente exigiu bastante coragem por parte do órgão responsável, ainda mais por se tratar de uma vacina nova. Torço, sobremaneira, para que tenha sido acertada.

Da mesma forma, o CFM, logo no início da pandemia, foi posto em xeque e forçado a se posicionar, publicando resolução, ao meu ver, extremamente acertada que autoriza o uso de medicações off-label para Covid-19, como hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina, diante da demanda urgente por possíveis soluções. Não era tempo de se colocar entraves, bem pelo contrário, era tempo de se abrir possibilidades, desde que seguras.

Porém, o tema do uso dessas medicações segue ainda hoje controverso e, nesse mesmo final de semana, fiquei perplexa ao ver postagens com posicionamentos contrários a prescrição dessas medicações antigas, pertencentes ao hall de medicações consideradas essenciais da OMS e, inclusive, ganhadoras de Prêmio Nobel da Medicina, por parte de algumas entidades médicas importantes do Rio Grande do Sul.

Apesar dos vários trabalhos científicos indicando o possível benefício dessas medicações quando iniciadas precocemente, diminuindo a taxa de internações, diminuindo gravidade da doença e com efeitos adversos conhecidos e controlados, muitos insistem em dizer que não há evidências e que não existe tratamento precoce.

O que devem querer dizer é que não existe tratamento com nível de evidência 1A, que é o melhor grau que uma recomendação médica pode ter.
Pasmem, aí vai uma informação! Apenas 10% dos tratamentos médicos consagrados tem esse grau de recomendação.

Mas, agora, em meio a pandemia, a elite intelectual do RS decidiu elevar a régua e exigir o que nunca exigiu, como fez o conselho da Faculdade de Medicina da UFRGS e CREMERS, nessas comunicações recentes, não assinadas.

Fico me perguntando, já que nos seus altíssimos crivos, ignoram estudos observacionais, ensaios clínicos pequenos, recomendações de especialistas no American Journal of Medicine, estudos baseados em racional fisiopatológico (que também são ciência), por que cargas de água comemoram a autorização da Coronavac? É bem possível que não chegue aos pés do que exigem, dado a precariedade de alguns dados apresentados e a quantidade de dúvidas que permaneceu.

Então, a pergunta que não quer calar: Esses anônimos estão a serviço de que e de quem?

Não sei, mas certamente não é da saúde e da população. Tão pouco estão a serviço da ciência, pois essa vive de dúvidas e de constante renovações. Ela cresce abraçando possibilidades e nunca fechando portas. Quem dá um ponto final, não está de acordo com a ciência, está de acordo com um dogma.

 

Cláudia Fam Carvalho – Médica psiquiatra e Psicoterapeuta. 

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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