Domingo, 19 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 23 de outubro de 2020
O último debate presidencial dos Estados Unidos entre os candidatos republicano e democrata gerou uma cena inusitada: Joe Biden se surpreendeu ao ouvir o presidente e candidato à reeleição, Donald Trump, dizer “eu assumo total responsabilidade por isso” ao ser questionado sobre a pandemia.
Biden havia criticado a declaração de Trump momentos antes, quando o presidente disse: “Estamos aprendendo a viver com isso [o coronavírus]. Não temos escolha. Não podemos nos trancar no porão, como Joe faz”.
O democrata rebateu: “Ele está dizendo que estamos aprendendo a viver com isso. Mas as pessoas estão aprendendo a morrer com isso”. E afirmou que o republicano não alertou que o vírus era perigoso e não assumia responsabilidade.
Foi quando Trump afirmou “eu assumo total responsabilidade”, mas na sequência culpou a China. “Não é minha culpa que isso [o vírus] chegou aqui. Nem é culpa do Joe. É culpa da China”, afirmou o presidente americano.
No debate, que teve um clima mais civilizado do que o anterior, os candidatos puderam discutir sobre covid, racismo, imigração e outros temas.
Mediadora
O destaque do último debate presidencial, porém, foi a mediadora, Kristen Welker, por conseguir controlar o ímpeto dos candidatos sem precisar recorrer ao “botão de mudo”.
Após o primeiro encontro, mediado pelo veterano Chris Wallace, ser marcado por interrupções e ataques, a organização decidiu criar um “botão de mudo” para cortar o microfone dos candidatos enquanto o adversário falava.
A expectativa para o debate de quinta-feira (22) era se o botão seria o protagonista. Mas não foi necessário. Elogiada pelo próprio Chris Wallace e até por Trump (que a havia criticado horas antes), Kirsten Welker soube conduzir o encontro, interromper os candidatos quando necessário e, no fim, agradecer os candidatos “por uma hora e meia muito robusta de debate”.
Os dois candidatos foram incisivos em suas falas, mas foi uma discussão mais civilizada e focada nos temas propostos pela organização – no primeiro encontro, houve cerca de uma interrupção a cada minuto.
Trump chegou a elogiá-la durante o debate. “A propósito, até agora, eu respeito muito a maneira como você está lidando com isso, devo dizer”, afirmou o presidente dos EUA em um raro elogio a um jornalista.
Horas antes do encontro, ele tinha atacado a mediadora em uma rede social: “Veja o preconceito, o ódio e a grosseria por parte do 60 Minutos e da CBS. A âncora desta noite, Kristen Welker, é muito pior!“, escreveu.
Segundo análise da CNN, Kristen Welker foi a moderadora mais eficaz da temporada de debates. “Ela se recusou a ser intimidada por Trump ou a deixar que um dos candidatos falasse sobre ela por um longo período de tempo”.
A CNN chamou o desempenho de Welker de “equilibrado e nítido” e afirmou que a mediadora “teve sucesso onde o moderador anterior, Chris Wallace, da Fox News, foi derrotado”.
O próprio Chris Wallace, que falhou em colocar ordem no primeiro debate, fez elogios à colega. “Em primeiro lugar, estou com ciúmes”, disse Wallace ao ser questionado na Fox News sobre suas impressões logo após o fim do debate. “Eu gostaria de ser capaz de moderar esse debate.”
O jornal “The New York Times” destacou que a mediadora contou com um “Trump 2.0”, mais calmo, mas disse que Welker “foi educada mas firme ao orientar a discussão” e “assumiu o controle quando necessário”.