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Variedades Atores abrem suas casas para virar cenários de séries de TV e teatro gravadas remotamente

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Riguetti dá vida a Paulo Freire, que completaria 99 anos este mês. (Foto: Divulgação)

A pandemia atualizou a definição segundo a qual atores vivem em cena. Afinal, isolados de palcos e sets, um grupo desses profissionais resolveu de fato viver as cenas de seus roteiros nas próprias casas na Zona Sul onde estão confinados. Salas e quartos foram adaptados e receberam equipamentos diferentes da rotina do lar, doce lar. Tudo para dar vida a personagens de séries de TV e peças filmadas e interpretadas remotamente.

Na casa da atriz Luisa Arraes, no Jardim Botânico, paredes e portas foram pintadas e a mobília mudou de lugar para ela e o namorado, o ator Caio Blat, darem vida ao casal Teresa e Manoel no episódio “A beleza salvará o mundo”, da série “Amor e sorte”, que vai ao ar na próxima terça-feira , na TV Globo.

“A equipe enviou todos os equipamentos de luz e câmeras, além de objetos, e montamos o cenário. Tudo foi transformado. Eles foram nos guiando pelo computador”, conta a atriz.

Tanto ela quanto Caio ressaltam que a aprendizagem foi uma experiência e tanto em vários sentidos. Profissionalmente, além da adaptação para trabalhar com uma equipe dando as coordenadas de longe, eles tiveram que aprender sobre atividades que não exercem, como câmera, luz, cenografia e figurino.

“Teve essa loucura de ouvir vozes sem os corpos ali, mas todos tiveram paciência de ensinar como usar o microfone, o figurino. Foi um privilégio essa aprendizagem”, define Luisa.

Caio conta que cada um tomou para si a área com a qual tinha maior afinidade. Ela cuidou da edição, dos arquivos e dos vídeos; ele, da arte, da arquitetura e da decoração.

“Foi bem divertido. Ao mesmo tempo, deu a sensação de que tirava a privacidade, porque a casa ficava maquiada. Não mudamos nada durante as gravações; então, às vezes íamos tomar um café e não tinha onde pôr o prato, era a casa do Manoel e da Teresa. Mesmo com um pouco de caos, essa gravação nos motivou e ocupou na quarentena. Foi um aprendizado de muitos significados”, diz ele.

Desafios físicos e pessoais

Apesar de todos os desafios técnicos e do isolamento social em si, eles afirmam ter consciência do privilégio de estarem trabalhando e bem alocados no coração da Zona Sul.

“O confinamento foi angustiante não só por ficarmos em casa, mas pelo que o país está passando. Vimos que outros países estavam se saindo melhor do que nós. E tem as questões sociais. Nessa série, faltou retratar quem está dentro de uma comunidade”, finaliza Caio.

Para a diretora artística da TV Globo Patricia Pedrosa, responsável por quase todos os episódios da série “Amor e sorte”, o entrosamento com atores com os quais já tinha trabalhado antes e a experiência deles foram essenciais para conseguir gravar à distância.

“Eram de 20 a 25 pessoas numa plataforma. Se não houvesse organização e concentração, não teríamos conseguido. Outro ponto é que os atores estão acostumados a transitar no set, então, mesmo que tivessem que aprender a técnica, tinham noção da funcionalidade de uma gravação. Foi uma experiência intensa, mas de um jeito diferente”,  diz a diretora de 36 anos, há 13 na TV Globo.

Segundo ela, a gravação dentro da casa dos artistas traz lições: “Dá para fazer bem com menos recursos. Não diria que dá para fazer tão bem como com toda a equipe presente, mas dá para entregar um bom produto. Aprendemos a trabalhar com algumas limitações”.

Diário de um confinado

A primeira temporada da série “Diário de um confinado” foi gravada 99% na casa do ator, escritor e protagonista Bruno Mazzeo e de sua mulher, a diretora artística Joana Jabace, no Jardim Botânico. A segunda estreou ontem e, já neste momento de flexibilização, será feita em parte na rua. O cenário do loft do personagem foi a sala deles. A parte mais difícil, dizem, foi montar e tirar tudo todos os dias, pois é onde os filhos brincam. A sala do casal tem um estilo clean e poucos móveis foram usados na série, como o sofá e a estante embutida, ambos pretos. Já a do personagem ganhou pôsteres, cores e bagunça.

“A grande diferença durante a gravação é que não havia mais aqueles cantinhos da casa, sabe? Mas a gente acaba se acostumando. Estranhei quando tudo saiu, achei a casa vazia. Compramos até um sofá novo”, diz Mazzeo, que já estava acostumado a trabalhar em casa, porém não 100% do tempo.

Joana, por sua vez, sentiu saudades de chegar do set e se deitar no sofá. “Agora meu sofá é o set”, brinca.  “As fronteiras ficaram todas borradas. A gente brigou, mas também se fortaleceu muito. Vimos que histórias simples e bons diálogos têm espaço.”

Teatro em casa

Uma sala de não estar mais. É com resignação e bom humor que o ator Richard Riguetti, protagonista da peça “Paulo Freire, o andarilho da utopia” descreve a nova formatação do cômodo de sua casa, em Laranjeiras. A decoração atual é o cenário do espetáculo, em cartaz até 25 de outubro, aos sábados (às 21h) e domingos (às 16h e, em outubro, às 17h) pelo Zoom: uma lona que remete à terra árida, uma Lua feita com dois escorredores de macarrão, pendurada em uma vara de pescar, um banquinho de tirar leite e um estandarte com o rosto do educador pendurado em um bambolê e em um cabo de vassoura.

A estante com livros, a bancada de escritório, a mesa de jantar com quatro cadeiras e as duas poltronas pediram licença e foram se acomodar no quarto de hóspedes. Os móveis deste, por sua vez, lá foram parar num trailer que Riguetti estaciona na rua. Minimalismo e desapego a serviço da arte.

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