Segunda-feira, 16 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 13 de junho de 2025
A delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid teve diversas reviravoltas nos últimos anos, incluindo uma prisão durante um depoimento e a ameaça de nova prisão após omissões em seu acordo. Nessa sexta-feira (13), Cid voltou a ser alvo de busca e apreensão e teve que prestar um novo depoimento à Polícia Federal (PF).
Cid foi preso pela primeira vez em maio de 2023, na investigação sobre fraudes em cartões de vacina. Ele foi solto em setembro daquele ano, após sua delação ser fechada com a PF e homologada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Seis meses depois, contudo, ele voltou a ser preso. A revista Veja revelou, em março do ano passado, áudios em que Cid fazia críticas a Moraes e à PF. O militar foi convocado ao STF para explicar suas falas e foi preso ao fim de seu depoimento, por ter descumprido as obrigações que haviam sido impostas. Na época, passou mal e chegou a desmaiar. O tenente-coronel voltou a ser solto por Moraes em maio de 2024.
Em novembro, após a descoberta de um plano para matar autoridades, que não havia sido relatado por Cid em seu acordo, a PF informou o STF sobre a omissão. Na época, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, chegou a pediu a prisão preventiva do militar.
O tenente-coronel prestou novo depoimento, dessa vez conduzido por Alexandre de Moraes, que chegou a avisar Cid que era a “última chance”. Após a bronca, Cid deu mais detalhes do plano, inclusive sobre a participação do ex-ministro Walter Braga Netto, que acabou sendo preso preventivamente no mês seguinte.
Na quinta-feira, Cid foi alvo de um novo pedido de prisão apresentado pela PGR. A solicitação ocorreu após a PF apontar que quatro de seus familiares (seus pais, sua esposa e uma de suas filhas) foram para os Estados Unidos.
O entendimento foi de que a situação reforçava uma hipótese que já vinha sendo investigada, a de que o ex-ministro Gilson Machado Neto tentou conseguir um passaporte português para Cid, para que ele deixasse o país. Machado foi preso nesta sexta, enquanto o tenente-coronel foi alvo apenas de um mandado de busca.
Em paralelo, a revista Veja publicou na quinta-feira mensagens atribuídas a Cid, por meio de uma conta no Instagram em nome de outra pessoa, falando sobre seu acordo. A defesa nega que ele tenha usado o perfil.
Na segunda-feira (9), o advogado Celso Vilardi, que defende o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), questionou o militar durante seu interrogatório sobre se isso teria ocorrido, e ele negou. Na noite de quinta, sua defesa negou ao STF que as mensagens sejam dele e pediu uma investigação. As informações são do jornal O Globo.