Quinta-feira, 01 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 11 de janeiro de 2023
A retomada da economia, o encarecimento das commodities (bens primários com cotação internacional), os gargalos nas cadeias de produção globais e a inércia de reajustes do ano anterior foram os principais responsáveis por pressionar os preços em 2022. Os motivos constam de carta enviada pelo presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para justificar o descumprimento da meta de inflação no ano passado.
Segundo o documento, a autoridade monetária prevê que a inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) cairá de 5,79% em 2022 para 5% em 2023. Mesmo assim, ficará acima da meta para este ano, fixada em 3,25%, podendo chegar a 4,75%, por causa da margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
A volta da cobrança de tributos sobre os combustíveis que tinha sido reduzida em 2022, destacou o presidente do BC, terá impactos na inflação deste ano. “Nesse cenário, em 2023, a inflação ainda se mantém superior à meta, em virtude principalmente da hipótese do retorno da tributação federal sobre combustíveis nesse ano e dos efeitos inerciais da inflação de 2022”, escreveu Campos Neto na carta. A inércia inflacionária corresponde a reajustes atrelados a preços corrigidos pela inflação do ano anterior, como aluguéis.
De acordo com o presidente do BC, a inflação só ficará dentro da meta a partir de 2024, quando deverá ficar em 3%, e em 2025 (2,8%). Para esses dois anos, o Conselho Monetário Nacional (CMN) estabelece uma meta de 3% para o IPCA, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. Em 2022, a meta estava em 3,5%, com a mesma margem de tolerância, e podia variar entre 2% e 5%.
Obrigação
Pela legislação em vigor desde o fim da década de 1990, o presidente do BC precisa enviar uma carta ao ministro da Fazenda justificando o descumprimento das metas de inflação estabelecidas pelo CMN. Essa foi a sétima vez que isso ocorreu.
Em 2003, 2004, 2005, 2017 e 2022, o Banco Central enviou cartas porque o IPCA dos anos anteriores havia estourado o teto da meta. Em 2018, a autoridade monetária enviou uma carta porque a inflação havia ficado abaixo do piso.
No ano passado, o IPCA ficou em 5,79%. Segundo o IBGE, a alimentação foi o principal item responsável por fazer a inflação estourar o teto da meta pelo segundo ano seguido.
Principais fatores
Segundo a carta, os “principais fatores que levaram a inflação em 2022 a ultrapassar o limite superior de tolerância foram os seguintes: i. inércia da inflação do ano anterior; ii. elevação dos preços de commodities, em especial do petróleo; iii. desequilíbrios entre demanda e oferta de insumos e gargalos nas cadeias produtivas globais; iv. choques em preços de alimentação, resultantes de questões climáticas; e v. retomada na demanda de serviços e no emprego, impulsionada pelo acentuado declínio da quantidade de casos de covid-19 e consequente aumento da mobilidade”. As informações são da Agência Brasil e do BC.