Segunda-feira, 03 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 1 de fevereiro de 2021
Bancos tradicionais e digitais, gestoras de investimentos e fintechs travam uma batalha pelos recursos que os brasileiros que não perderam renda na pandemia estão poupando.
O desafio é fazer o dinheiro migrar da poupança, a preferida dos brasileiros, para aplicações de maior retorno, mas também mais arriscadas, como ações, fundos multimercados ou imobiliários.
Entre as armas para atrair clientes, estão corretagem gratuita para aplicações em renda variável e até devolução de parte da taxa de administração de fundos, além de assessoria gratuita e conteúdo de educação financeira, incluindo lives nas redes sociais.
“A maioria dos brasileiros ainda procura a poupança como segurança. Mas, com juros mais baixos, pessoas com mais recursos já começaram a procurar ativos de maior risco. Fintechs e bancos digitais precisam de escala e estão indo para cima dessa turma”, diz João Augusto Salles, estrategista da Senso Corretora.
O empresário da área de marketing Fabrício Andrade, de 29 anos, deixou o Rio e passou quatro meses com os pais em Juiz de Fora, em Minas, logo no início da pandemia, o que lhe rendeu uma economia de 50% no orçamento.
Ele voltou ao Rio, não conseguiu manter esse percentual de economia, mas mudou a mentalidade. Trocou o apartamento alugado em Ipanema por um R$ 600 mais barato no Humaitá, também na Zona Sul, por exemplo.
“Eu não economizava, mas na pandemia comecei a pensar em ter uma reserva. Estou avaliando se aplico em um investimento moderado ou se compro um apartamento. Mas, com certeza, quero tirar da poupança para algo que renda mais”, diz Andrade.
Um centavo para entrar
Uma estratégia muito usada para atrair clientes para produtos financeiros mais sofisticados é baixar o valor mínimo da aplicação inicial.
O banco digital C6 permite acesso a fundos com apenas R$ 1, mesmo valor fixado pelo Bradesco. No Banco do Brasil, basta R$ 0,01.
Também no C6 é possível aplicar em CDBs (títulos de crédito de bancos) a partir de R$ 20 e em produtos de renda variável sem pagar corretagem.
“São valores para quem está experimentando novas opções de aplicação nesse cenário de queda de juros”, diz Romildo Valente, chefe da área de Investimento do C6, lembrando que o banco começou a fazer lives com gestores.
A gestora Vítreo zerou corretagem para investimentos em ações e devolve em forma de cash back, com depósito em conta, parte da taxa de administração de fundos se a pessoa migrar para a sua plataforma.
É uma espécie de portabilidade, que pode reduzir uma taxa de 2% para 1,64%, por exemplo. Desde o fim do ano passado, a gestora já realizou 1,4 mil transferências desse tipo.
“Isso acaba com um conflito de interesse em que o fundo que paga maior rebate (comissão para os gestores) acaba sendo o mais oferecido”, diz Patrick O’Grady, sócio-fundador da gestora, que também tem produtos que geram renda regular, como fundos de ações que pagam dividendos.
Informação para novatos
No Santander, é possível investir em fundos de Previdência a partir de R$ 30. O banco aposta no conceito de construção de patrimônio no longo prazo.
Não cobra taxa de carregamento (para despesas de corretagem e administração) e tem produtos dessa família com ações de empresas com boas práticas sustentáveis (da sigla ESG), diz Luciane Effting, superintendente executiva de investimentos do banco.
Em Miami, a corretora Avenue montou uma estratégia para atrair brasileiros que querem investir em empresas como Apple, Google, Coca-Cola diretamente nos EUA. O investidor aplica em reais.
A corretagem é zero, mas, se quiser material de análise, gráficos, estratégias, o cliente paga algo a partir de US$ 1,50, dependendo do valor investido.