Terça-feira, 30 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 29 de setembro de 2025
Três pessoas morreram e outras 8 foram internadas por intoxicação por metanol após consumirem bebida alcoólica adulterada em cidades do Estado de São Paulo. Uma das vítimas contou que perdeu a visão. A vítima conta que consumiu três caipirinhas em um bar em São Paulo e, horas depois, passou mal. Ela teve convulsões, precisou ser internada na UTI e, após as complicações, perdeu a visão completamente.
O que é Metanol? É uma substância (CH₃OH) altamente inflamável, tóxica e de difícil identificação. É um tipo de álcool simples, incolor e com cheiro semelhante ao da bebida comum.
– Quais são os sintomas da intoxicação? A exposição ao metanol – seja por ingestão, inalação ou até mesmo contato prolongado – pode provocar intoxicação grave mesmo em pequenas quantidades. De acordo com especialistas, são sinais de intoxicação: alterações de consciência, tontura, vômito, cólicas, dor abdominal, confusão mental, visão turva.
Nos casos mais graves, o quadro pode evoluir para a cegueira e até mesmo deixar o paciente em coma. Ele pode causar a morte por falência múltipla de órgãos.
Médicos alertam que os primeiros sintomas podem ser confundidos com os de uma embriaguez ou ressaca comum. Mas a duração e a sequência do quadro exigem atenção: o atendimento médico rápido é essencial para evitar lesões graves.
Impacto no corpo
O primeiro a ser atingido é o fígado, que transforma o metanol em outras substâncias que atingem a medula e o cérebro, provocando os sintomas já descritos acima.
O sangue fica ácido e o nervo óptico também pode sofrer lesões. O metanol provoca ainda insuficiência pulmonar e ataca os rins.
– Como é tratado o envenenamento por metanol? O envenenamento é uma emergência médica, e deve ser tratado em um hospital. Há tratamentos à base de medicamentos que podem ser administrados, assim como diálise para limpar o sangue.
Alguns casos podem ser tratados com álcool (etanol) para “competir” com a metabolização do metanol. Mas isso deve ser feito rapidamente.
“O etanol atua como um inibidor competitivo, impedindo em grande parte a metabolização do metanol, mas retardando-a consideravelmente, permitindo que o corpo libere o metanol dos pulmões e um pouco por meio dos rins, e um pouco pelo suor”, explica Alastair Hay, professor especialista em toxicologia ambiental da Universidade de Leeds, no Reino Unido.
Os especialistas lembram que obter ajuda logo após o consumo de metanol é crucial para as chances de sobrevivência. “Você pode aliviar todos os efeitos se chegar ao hospital cedo o suficiente, e se o hospital tiver o tratamento necessário. O antídoto mais importante é o álcool comum”, comenta Hay.
– Para que serve o metanol? O metanol tem diversas aplicações legítimas na indústria. Ele é usado na fabricação de formaldeído (o famoso formol), ácido acético, tintas, solventes e plásticos, e está presente em produtos como anticongelantes, limpa-vidros e removedores de tinta.
Ele já foi chamado de “álcool da madeira”, porque era obtido pela destilação de toras. Hoje, sua produção industrial é feita principalmente a partir do gás natural.
Também já foi utilizado como combustível em carros de corrida e pequenos motores, mas em condições seguras e controladas.
No Brasil, uma das principais funções do metanol é servir de matéria-prima para a produção de biodiesel, em um processo químico chamado de transesterificação.
Fora disso, ele não deve ser comercializado diretamente para consumo humano ou adicionado em grande escala a combustíveis comuns.