Domingo, 22 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 12 de outubro de 2022
O ministro dos Transportes da Alemanha, Volker Wissing, disse que não pode descartar o envolvimento de países estrangeiros no “ato de sabotagem” que interrompeu os serviços de trem no Norte do país no último sábado (8). Ele não citou, no entanto, nenhum país ou grupo específico que possa estar envolvido no caso.
“Aumentamos a vigilância desde o início da guerra na Ucrânia, porque sabemos que as infraestruturas se tornaram um alvo cada vez maior”, disse Wissing à emissora pública alemã ARD.
De acordo com a empresa ferroviária Deutsche Bahn, uma “sabotagem dos cabos” foi a causa da falha, que levou à suspensão dos serviços no Norte da Alemanha por três horas. O incidente ocorreu mais de duas semanas após a sabotagem contra os gasodutos Nord Stream 1 e 2, que ligam a Rússia à Alemanha pelo Mar Báltico. Depois disso, o governo alemão reforçou a proteção de suas infraestruturas mais importantes.
O ministro dos Transportes disse que foi capaz de restaurar rapidamente as operações porque seguiu o protocolo de segurança.
A polícia do país classificou o ataque à rede de “profissional”. Os cabos de fibra ótica foram cortados em Berlim e na Renânia do Norte-Vestfália (Oeste), a região mais populosa da Alemanha.
A complexidade da sabotagem — os dois cabos, que funcionam como backup um do outro, estão localizados a várias centenas de quilômetros de distância — expõe a possibilidade de realização por uma pessoa ou grupo com conhecimento interno detalhado de como a empresa ferroviária opera.
“Está claro que há uma conexão entre o crime em Berlim e em Herne, e há pouco que sugira que tenha sido uma coincidência”, disse Wissing, afirmando que o governo está ciente de que as infraestruturas se tornaram um alvo. “Nossa vigilância é maior desde o início da guerra na Ucrânia. Se tivermos motivos para aumentar nossos altos padrões de segurança, faremos isso sem falhas.”
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que a infraestrutura europeia se tornou cada vez mais um alvo de ataques. Desde os vazamentos nos gasodutos Nord Stream 1 e 2, o bloco europeu já vem trabalhando para detectar pontos fracos nas infraestruturas e aumentou a capacidade de resposta a interrupções e ataques com equipes de proteção civil.
“É a nova fronteira da guerra moderna e a Europa estará preparada. A UE também planeja fazer melhor uso de sua capacidade de vigilância por satélite para detectar possíveis ameaças e fortalecer a cooperação com a Otan e os EUA”, disse Von der Leyen.
A Alemanha já deu a entender que o governo russo seria o culpado pelos escapes de gás, mas o Kremlin negou ser responsável pelos danos, já que não teria interesse em destruir gasodutos que têm a estatal Gazprom como principal acionista.
Na semana passada, o presidente Vladimir Putin culpou os “anglo-saxões”, alegando que os EUA sempre foram contrários à operação dos dutos. A Suécia negou um pedido da Rússia para participar da investigação dos vazamentos, que ocorreram nas zonas econômicas exclusivas sueca e dinamarquesa.
Fontes do governo alemão disseram que o chefe da agência de segurança cibernética do país (BSI, na sigla em alemão), Arne Schönbohm, deverá ser demitido depois que reportagens o ligaram a uma associação que seria próxima aos serviços secretos russos. Sem confirmar ou não a demissão, o Ministério do Interior alemão disse “levar a sério” as acusações contra Schönbohm e afirmou estar “investigando exaustivamente” a questão.
Schönbohm foi acusado por seus supostos contatos com uma associação chamada “Cyber-Sicherheitsrat Deutschland” (Conselho Alemão de Segurança Cibernética), suspeita de ter contatos com a Inteligência russa. A associação, cofundada por Schönbohm e sediada em Berlim, assessora empresas, agências governamentais e formuladores de políticas em questões de segurança cibernética. Ele chamou as acusações de “absurdas”.