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Por Redação O Sul | 25 de abril de 2019
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou nesta quinta-feira que irá privatizar os Correios. A declaração foi dada em café da manhã com o jornalistas, no Palácio do Planalto.
Segundo Bolsonaro, a ideia de vender a estatal já está aprovada, mas antes deseja trazer ao público os prejuízos financeiros da empresa e os desvios no fundo de pensão da empresa Postalis, alvo de escândalos e de operação da Polícia Federal no ano passado .
Durante a campanha, Bolsonaro chegou a dizer que havia uma “grande chance” de o governo se desfazer da estatal. Após a posse do governo, porém, o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, disse que a venda da empresa — subordinada à sua pasta — não estava na pauta.
Em 2017, os Correios voltaram a registrar lucro após quatro anos no vermelho, com resultado de R$ 667,3 milhões.
A empresa postal tenta se recuperar de uma crise que se arrasta há anos. Só entre 2015 e 2016, a companhia registrou perdas que somaram mais de R$ 5 bilhões. A estatal ficou marcada por má gestão, queda na qualidade dos serviços e greves. O Postalis, fundo de pensão da empresa, foi alvo de escândalos e de operação da Polícia Federal no ano passado.
“Sinal verde”
“Dei sinal verde para estudar a privatização dos Correios”, disse Bolsonaro em café da manhã com jornalistas nesta quinta-feira (25). Ele aprovou a ideia de vender a estatal, e quer conseguir apoio popular relembrando os casos de corrupção envolvendo a empresa, além de suas perdas financeiras.
Os Correios tiveram lucro de R$ 161 milhões em 2018, e mais R$ 667,3 milhões em 2017, após quatro anos consecutivos de prejuízos. Ela segurou os gastos, fechou agências, encerrou o e-Sedex (versão mais barata do Sedex) e passou a cobrar taxa de R$ 15 em todas as encomendas internacionais.
Para a equipe presidencial, se a ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) for privatizada, ela terá “mais liberdade para se modernizar e responder às mudanças no mercado promovidas pelo comércio eletrônico”, segundo uma fonte da Reuters.
Marcos Pontes, ministro das Comunicações, Ciência, Tecnologia e Inovação, defende que a privatização dos Correios seja feita “de forma responsável e lógica, sem precipitação”. Ela deve considerar as necessidades estratégicas do Brasil, o retorno para o governo e os direitos dos funcionários — são mais de 100 mil servidores. A ECT é subordinada ao ministério.
Escândalos
Bolsonaro também fez referência ao escândalo dos Correios em 2005 e às suspeitas de irregularidades no Postalis. “Tem que rememorar para o povo o fundo de pensão, que a empresa foi o foco de corrupção com o mensalão”, disse o presidente.
Em resumo, um vídeo divulgado em 2005 mostra um funcionário dos Correios explicando para dois empresários um esquema de propina que seria gerido pelo então presidente do PTB, Roberto Jefferson. O dinheiro arrecadado iria para o caixa do partido.
O Congresso aprovou a criação da CPI dos Correios e, em meio às denúncias, Jefferson ameaçou revelar casos de corrupção envolvendo o PT. Então, ele contou que deputados aliados do governo Lula recebiam um “mensalão” de R$ 30 mil do tesoureiro do PT, Delúbio Soares.
Enquanto isso, o caso do Postalis é mais recente e parte de uma investigação feita pelo Ministério Público Federal em Brasília (MPF/DF) e pela Polícia Federal. Uma organização criminosa teria desviado recursos da previdência dos Correios, causando um rombo de mais de R$ 5 bilhões.
A Operação Pausare suspeita que o esquema beneficiou “dirigentes do fundo de pensão, empresas de avaliação de risco, instituições financeiras, gestores, administradores de fundos de investimentos, agentes e empresários que recebem as aplicações”.