Quarta-feira, 24 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 21 de junho de 2021
Escolhido por Jair Bolsonaro para ocupar a cadeira que será deixada pelo decano Marco Aurélio Mello no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), André Mendonça, está sob intenso ataque.
Por causa disso, o próprio presidente pediu ajuda a aliados para defender o AGU no Senado. A indicação deve sair somente no mês de agosto. Mendonça precisa “durar” até lá para chegar a ver seu nome no Diário Oficial da União.
Esforço de André
André Mendonça tem feito um esforço para driblar as objeções ao seu nome no Senado, onde sua indicação teria que ser aprovada. Ele já se reuniu com cerca de 40 dos 81 membros da Casa e nesta terça-feira (22) deverá ter um encontro com o grupo “Vanguarda”, formado por DEM, PL e PSC, que agrega 11 senadores no total.
Sem traquejo político, o servidor de carreira enfrenta resistência por parte das duas maiores bancadas da Casa — o MDB, com 15 parlamentares, e o PSD, com 11 integrantes. Até mesmo aliados do governo como o ex-presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), não têm Mendonça como opção preferencial.
A aprovação do advogado-geral da União para o Supremo depende do aval de ao menos 41 senadores, em votação secreta. Entre os membros da Casa com quem ele já se reuniu estão integrantes de siglas como PL, PSDB, DEM, PP e Podemos, mas nem todos saíram convencidos. Segundo o colunista Lauro Jardim, ele foi à sede do PL há duas semanas para uma conversa com o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, que foi preso no escândalo do mensalão.
Mendonça tenta se viabilizar como candidato à Corte no lugar do ministro Marco Aurélio, que se aposenta no dia 12 de julho, quando completa 75 anos de idade.
Interlocutores do advogado-geral da União minimizam a resistência e dizem que a recepção tem sido positiva no Senado após as conversas iniciais. Na visão de pessoas próximas a Mendonça, Alcolumbre é quem apresenta a maior resistência à candidatura no momento. De acordo com relatos, o senador não recebeu Mendonça, o que evidenciou o desconforto entre eles.
No PSD, Mendonça foi recebido apenas por parte da bancada. A outra ala do partido se recusou a conversar com o postulante ao STF. A avaliação desses senadores, ouvidos em caráter reservado pelo GLOBO, é que o atual advogado-geral da União e ex-ministro da Justiça de Bolsonaro nunca procurou diálogo com o Senado e só agora, quando há interesse pela vaga no STF, é que tenta uma aproximação.
Há também no PSD os que ainda não foram procurados por Mendonça, como Ângelo Coronel (PSD-BA). “Pelo que eu saiba, não existe qualquer relação do Mendonça com a bancada do PSD”, disse o senador.
Até o momento, Mendonça não se encontrou com caciques do MDB, que não escondem a preferência por outros candidatos. Para integrantes do maior partido do Senado, outros nomes teriam uma aceitação mais ampla na Casa como, por exemplo, Jorge Oliveira, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), e Augusto Aras, procurador-geral da República. Os dois, porém, estão em desvantagem em relação ao advogado-geral da União, que não só é evangélico como também é pastor, principais requisitos estabelecidos por Bolsonaro para indicar o próximo candidato ao STF.