Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 19 de agosto de 2019
O presidente Jair Bolsonaro postou neste domingo (18) vídeo de uma caça tradicional realizada em uma ilha dinamarquesa para criticar a Noruega, que anunciou na semana passada suspensão de repasse de recursos ao Fundo Amazônia. As imagens semelhantes às do vídeo publicado pelo presidente, que circulavam pela internet em redes sociais, foram analisadas pela Agência Lupa na sexta-feira (16) e dadas como falsas.
O vídeo compartilhado por Bolsonaro mostra caçadores encurralando baleias em uma praia e, na sequência, matando-as com arpões. O material identifica a sequência de imagens como tendo ocorrido em maio deste ano na Noruega. Na mesma publicação, Bolsonaro disse que em torno de 40% dos recursos do Fundo Amazônia são direcionados a ONGs, que são, segundo ele, “refúgio de muitos ambientalistas”. “Veja a matança das baleias patrocinada pela Noruega”, escreveu.
– Em torno de 40% do Fundo Amazônico vai para as… ONGs, refúgio de muitos ambientalistas. Veja a matança das baleias patrocinada pela Noruega. pic.twitter.com/46hpQnHSJA
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) August 19, 2019
As imagens analisadas são na verdade das llhas Faroë, um arquipélago no Atlântico Norte dependente da Dinamarca, que promove um festival anual chamado Grindadráp. No YouTube, vídeo semelhante ao compartilhado pelo presidente identifica as imagens feitas nas llhas Faroë, mas também erra ao afirmar que elas ficam localizadas na Noruega.
A caça comercial de baleias é permitida na Noruega, entretanto, segundo dados internacionais, têm diminuído ao longo dos anos.
Na quinta-feira (15), ao comentar a suspensão do repasse ao Fundo Amazônia, o presidente havia afirmado que a Noruega “mata baleia”, “explora petróleo” e não tem nada a oferecer ao Brasil neste momento.
No sábado (10), a Alemanha informou que suspenderá parte do financiamento de proteção ambiental para o Brasil, e a Noruega acabou seguindo a decisão. O presidente ainda disse que o interesse dos países europeus não é em ajudar a floresta amazônica, mas em explorar a sua riqueza e exercer soberania sobre ela. Segundo ele, a “imagem péssima” do país no exterior se deve à subserviência a países desenvolvidos.