Domingo, 19 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 23 de março de 2022
Pressionado por uma ala da bancada evangélica a demitir o ministro da Educação, Milton Ribeiro, o presidente Jair Bolsonaro (PL) decidiu aguardar mais um pouco. De acordo com relatos feitos ao jornal O Estado de S. Paulo, Bolsonaro prefere deixar o auxiliar em “banho-maria”, enquanto avalia os desdobramentos do pedido de propina em ouro feito por um pastor que atua no gabinete paralelo do MEC (Ministério da Educação).
Dois ministros da ala política do governo disseram que não apostam na queda do colega, ao menos neste momento, por causa da boa relação de Ribeiro com Bolsonaro e a primeira-dama Michelle. O ministro é pastor presbiteriano. O escândalo, porém, rachou a base de Bolsonaro no meio evangélico. “Não seremos complacentes com quem quer que seja”, disse nesta quarta-feira (23) o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), presidente da Frente Parlamentar Evangélica.
Uma das ideias avaliadas no Palácio do Planalto é incentivar a saída de Ribeiro na reforma ministerial, prevista para o próximo dia 31. Neste caso, ele deixaria o MEC com o discurso de que vai concorrer a uma cadeira de deputado federal. O problema é que até agora ele não se filiou a nenhum partido e, com o escândalo, dificilmente conseguirá legenda.
De qualquer forma, esta seria uma maneira de o Palácio do Planalto responder à pressão pela saída do ministro sem que ele ficasse exposto ao constrangimento de perder o cargo no auge da crise.
Até agora, a orientação dada a Ribeiro pelo núcleo duro do governo é a de agir com cautela e evitar qualquer exposição que aumente a temperatura. O ministro cancelou viagens e mantém apenas agendas internas. Nesta quarta-feira, ele recebeu no gabinete o senador Wellington Fagundes (PL-MT). Passou um café para o convidado e se mostrou disposto a prestar esclarecimentos no Congresso.
O escândalo no coração do MEC, no entanto, tem aumentado e continuará no radar do governo. O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de uma investigação contra os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, responsáveis pela intermediação de agendas e verbas no ministério.
Três pastores evangélicos com trânsito no governo relataram mal-estar com a situação, mas disseram que vão dar um “voto de confiança” a Ribeiro. O presidente da Frente Parlamentar Evangélica, no entanto, não foi na mesma linha. Para Sóstenes, a nota do ministro não foi suficiente para esclarecer as graves denúncias e “atos isolados” de dois pastores “não vão manchar a imagem” dos religiosos. “Não temos problema nenhum de entregar quem quer que seja nas mãos da Polícia Federal”, disse o deputado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.