Sexta-feira, 07 de março de 2025
Por Redação O Sul | 4 de dezembro de 2024
É a primeira vez que o Brasil participa do exame.
Foto: ReproduçãoAo todo, 51% dos estudantes brasileiros de 9 anos não conseguem fazer contas básicas de Matemática e medidas simples. Isso inclui, por exemplo, multiplicação de números com um apenas um dígito – como 4 x 5 ou 3 x 8 – ou medir comprimentos com uma régua. Em Ciência, os resultados são um pouco melhores, mas só 31% as crianças sabem que a gravidade puxa as coisas para baixo.
O resultado faz parte da prova Trends in International Mathematics and Science Study (TIMSS), divulgada no mundo todo nessa quarta-feira (4). É a primeira vez que o Brasil participa do exame. O desempenho dos alunos do 4º ano deixou o País na 55ª posição entre 58 países em Matemática, na frente apenas de Marrocos, Kuwait e África do Sul. O Brasil fica atrás, por exemplo, de Irã, Bósnia e Cazaquistão.
Os resultados mostram que as dificuldades de aprendizagem das crianças brasileiras começam cedo; 16% tiveram desempenho pior do que se tivessem chutado todas as questões e 5% não acertaram nenhuma pergunta na prova do 4º ano de Matemática.
Até então, o Brasil só tinha sido comparado a outros países em avaliações desse tipo com alunos de 15 anos, que fazem o Pisa, conduzido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A prova tem questões de Matemática e Ciências e avalia alunos do 4º e do 8º ano do ensino fundamental. Em todos os rankings, os países asiáticos se destacam. Cingapura está no topo de ambas as disciplinas, nas duas idades avaliadas. A cidade-estado do Sudeste Asiático é seguida por países como China, Hong Kong, Japão e Coreia do Sul.
A nação melhor posicionada fora da Ásia é a Lituânia, em sétimo lugar no ranking do 4º ano de Matemática. Em seguida, vêm a Turquia e a Inglaterra. Os Estados Unidos estão em 27º.
Os resultados dos países podem ser expressados de várias formas, além da posição no ranking. Conforme os acertos, os alunos vão alcançando os níveis de dificuldade do exame: baixo, intermediário, alto e avançado:
– Só 49% dos brasileiros de 9 anos chegaram ao padrão mais baixo de aprendizagem, que consegue fazer contas de multiplicação e divisão simples e soma de centenas;
– Os outros 51% não conseguiram chegar a esse mínimo esperado;
– Deles, 16% tiveram desempenho pior do que se tivessem chutado todas as questões;
– 5% não acertaram nenhuma questão
– Dos 49% que estão no nível baixo, 21% também chegaram ao padrão intermediário de aprendizagem, em que os alunos conseguem medir comprimento com uma régua e fazer contas com números de até três dígitos;
– Outros 5% estão no nível alto, em que podem subtrair e adicionar decimais e converter minutos em horas;
– E 1% ficam no patamar avançado, resolvendo equações e representando dados em um gráfico.
“Mais de 15% dos alunos não conseguiram fazer a prova de matemática. O que acertaram foi acerto ao acaso, isto é, chute. Isso é muito grave”, diz o o diretor-fundador do Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), Ernesto Faria, especialista em avaliação.
Segundo ele, é preciso olhar para equidade também. “Não é sobre chegar na média dos países desenvolvidos, é sobre dar uma educação que permita diretos básicos aos nossos estudantes. Não é possível ter 51% dos alunos abaixo do básico enquanto menos de 5% dos alunos de muitos países estão nessa faixa”, avalia.
O TIMSS é realizado pela Associação Internacional para Avaliação do Desempenho Educacional (IEA), cooperativa internacional de instituições de pesquisa, agências, acadêmicos e analistas, sediada na Holanda. O exame é conduzido em parceria com o Boston College (EUA). Esse foi o oitavo ciclo de avaliações, feitas a cada quatro anos.
Foram avaliados cerca de 650 mil estudantes de escolas públicas e privadas dos países participantes em 2023. As provas foram feitas no computador. Há questões sobre números, medição e geometria, por meio de resolução de problemas.
Segundo a IEA, 91% dos estudantes de 4º ano de todos os países avaliados alcançaram “pelo menos o padrão internacional mínimo (400 pontos na escala do TIMSS) em Matemática, uma indicação de que demonstraram habilidades como adicionar e subtrair números de até três dígitos e aplicar propriedades básicas de formas geométricas”.
E, internacionalmente, 81% dos alunos de 8º ano chegaram a esse nível, demonstrando conhecimento sobre números inteiros, encontrando o comprimento dos lados de polígonos e lendo informações de gráficos.