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Mundo Dispara nos Estados Unidos a prisão de brasileiros, que relatam fome, frio e abandono

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O número de brasileiros detidos na fronteira sul dos EUA disparou e aumentou em 12 vezes mais em 2019.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O número de brasileiros detidos na fronteira sul dos EUA disparou e aumentou em 12 vezes mais em 2019. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A Casa do Migrante, um centro católico em Ciudad Juárez, a 4 quilômetros da fronteira com os Estados Unidos, tinha, na última semana, 53 brasileiros, os primeiros alvos de uma medida adotada em janeiro pela Casa Branca: enviar brasileiros ilegais ao México. Angustiados e confusos, os brasileiros relataram ter sido maltratados na prisão americana, passaram frio, fome e se apertaram em celas superlotadas. O número de brasileiros detidos na fronteira sul dos EUA disparou de 1.504, no ano fiscal de 2018 (de 1.º de outubro de 2017 a 30 de setembro de 2018), para 17.893, no ano fiscal de 2019, quase 12 vezes mais – um recorde.

Até agora, o procedimento de envio para o México era reservado principalmente a centro-americanos, especialmente hondurenhos, salvadorenhos e guatemaltecos. A Casa do Imigrante tem acolhido quem tentou entrar em território americano.

Os dados mais atuais, referentes aos primeiros meses do ano fiscal de 2020 (outubro, novembro e dezembro de 2019), mostram as prisões ainda em alta: foram 4.469 detenções no trimestre, três vezes mais que em todo o registro de 2018.

A maioria entra por El Paso, no Texas, cidade gêmea de Juárez, do lado mexicano. Segundo dados oficiais, existem hoje 28.316 brasileiros com ordem de deportação nos EUA, dos quais 983 já foram condenados. Há ainda 313 sob custódia do Serviço de Imigração e Alfândegas (ICE, na sigla em inglês) com ordem final de deportação autorizada.

Frio, fome e celas superlotadas são relatos comuns de imigrantes ilegais detidos nos EUA – não apenas brasileiros. No entanto, o governo americano defende a qualidade das prisões. O vice-presidente, Mike Pence, considerou exagerados na imprensa os relatos que comparavam os centros de acolhimento a “campos de concentração”.

Entre os brasileiros na Casa do Migrante, uma narrativa é comum: todos se queixaram de maus-tratos na semana que passaram trancafiados na prisão americana. Este ano, Juárez teve um inverno glacial. Na semana passada, a neve cobriu as ruas da cidade e a temperatura chegou a -10ºC. Mesmo assim, os brasileiros reclamaram que os americanos mantiveram o ar-condicionado das celas ligado.

Em janeiro, quando o governo americano passou a incluir os brasileiros no grupo de enviados ao México, o Itamaraty se manifestou dizendo que havia sido informado da nova orientação. Também ressaltou que o consulado na Cidade do México não havia recebido pedidos de auxílio e os brasileiros poderiam ficar regularmente no México “pelo tempo estabelecido pela lei mexicana”.

A via crúcis dos brasileiros começou quando o governo americano ampliou o Protocolo de Proteção a Migrantes (MPP, na sigla em inglês), programa adotado pelo presidente Donald Trump. O MPP estabelece que os imigrantes devem permanecer no México enquanto tramitam seus pedidos de asilo nos EUA – antes, eles aguardavam julgamento em território americano.

A medida faz parte do esforço do governo para diminuir o número de solicitações de asilo, no momento em que Trump disputa a reeleição e precisa mostrar resultados concretos no combate à imigração ilegal, sua grande bandeira de campanha.

O México, no entanto, não concordou em receber africanos, indianos ou asiáticos – apenas latino-americanos. A grande maioria vem de Guatemala, El Salvador e Honduras. Há duas semanas, quando anunciou a inclusão dos brasileiros no MPP, o secretário de Segurança Interna, Ken Cuccinelli, comemorou a decisão. “Incluir brasileiros (no programa) é um grande feito”, escreveu o secretário no Twitter.

No Itamaraty, o assunto é tratado como “tabu”. Nos bastidores, diplomatas brasileiros dizem que estão em contato com autoridades mexicanas e americanas e garantem que houve mobilização interna para dar algum tipo de assistência consular aos brasileiros.

A diretriz do governo brasileiro, expressa na semana passada pelo chanceler Ernesto Araújo, é “não questionar as ações dos EUA”. Na semana passada, em Washington, ele evitou reclamar do tratamento dado aos brasileiros em encontro com o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo.

 

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https://www.osul.com.br/brasileiros-relatam-fome-frio-e-abandono-nos-estados-unidos-onde-prisoes-de-imigrantes-disparam/ Dispara nos Estados Unidos a prisão de brasileiros, que relatam fome, frio e abandono 2020-02-16
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