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Colunistas Campeonato Mundial – Momento dos Einsteins do jornalismo esportivo

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Preencher tempo: eis o lema do jornalismo esportivo. (Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Preencher tempo: eis o lema do jornalismo esportivo. O (a) repórter recebe a incumbência de falar sobre a chegada da torcida de um país e tem de fazer palhaçada, falar abobrinhas, dizer obviedades. Nem vou falar da mocinha que tem de ir na cidade de colonização belga ou dinamarquesa. Tsk tsk tsk (onomatopeia que significa decepção e vergonha alheia).

Não há limite para o ridículo. Fiquei prestando atenção em alguns einsteins no Mundial da Rússia. Um jovem da Globo falava sobre a jogo Senegal e Colômbia, que seria realizado horas depois. Como ele foi chamado às falas via satélite, tinha de dizer alguma coisa. E lascou: “O jogo de hoje é muito importante”. Jênio. Com J. Se o jogo decidiria a classificação, por que não seria importante? E disse mais: “Na Colômbia se gosta muito de futebol. Já no Senegal, o futebol não é coisa de vida ou morte”. E em algum lugar o futebol é “coisa de vida ou morte”? Por que não te callas, mané. Ah: Nos outros países não se gosta de futebol? Quem disse que na Colômbia se gosta mais de futebol do que no Senegal? Quais os elementos que o repórter possui para afirmar isso? Claro: não quero um catedrático na reportagem. Mas também não quero um néscio.

Já no programa de sexta-feira, por volta do meio dia, uma repórter da Globo falava da característica dos povos. Na verdade, a repórter falava dos estereótipos que se colocam no comportamento dos povos. Claro que ela não sabe nada disso. “Estuda” por wikipedia. Não existe nenhuma comprovação de que haja um “jeito” próprio de ser de cada povo. Bobagem. Cada país tem diferentes comportamentos segundo os interesses e classes sociais.

Por exemplo, no Brasil é absolutamente falso falar que “os baianos são folgados”. Para desmentir essa falácia, basta perguntar para o einstein que falou isso: “De qual baiano você está falando? Do cara que pega três ônibus para ir trabalhar, que mora na favela e ganha uma merreca por mês? Ou você está falando do filho da classe rica de Salvador, que levanta as dez da manhã e vai para a praia?”. E mesmo assim teria que ter maiores dados sobre o próprio comportamento da classe rica. Ou seja: estereótipos são falsos. Sempre são colocados no outro. Há um bom livro sobre isso, de Dante Moreira Leite, escrito na década de 1950, falando do mito do caráter nacional. Recomendo.

Brasileiros são pacíficos e argentinos têm sangue quente. Ah, ah. De quais brasileiros estão falando? Um dos países mais violentos do mundo tem um povo caracterizado como pacífico? E de onde se tira que o argentino tem sangue quente? Contra quem? Bobagens. Estereótipos. Raciocínios de varejo colocados no atacado.

Russos são sisudos. É? Quais? E os norte-coreanos? Estes não gostam de falar com estrangeiros. Pois é. Por que será? Hum, hum. Eu poderia dizer: Os banqueiros russos são felizes e alegres. Os brasileiros também. E os banqueiros americanos, idem. Hum, hum.

Enfim, somando todas as besteiras ditas até aqui no Mundial pelos repórteres do complexo Globo, já temos um dicionário do novo Festival de Besteiras que Assola o Mundial, em substituição ao velho Festival de Besteira que Assola o País.

Isso que não falei de um engraçadinho que quer ser o Bozo da reportagem, para disputar com o outro Bozo que ficou no Brasil – Tiago Leifert. É absolutamente constrangedor a performance do jornalismo no Mundial.

Se é isso que ensinam nas faculdades, estamos mal, muito mal. E eu achando que o Direito é que é a área em que há o maior número de analfabetos funcionais. Esqueci dos repórteres e comentaristas do Mundial. E das mocinhas que têm de ir às comunidades de origem alemã, belga, etc. E se vestirem com as roupas típicas. Ai, ai. Vou estocar alimentos.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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https://www.osul.com.br/campeonato-mundial-momento-dos-einsteins-do-jornalismo-esportivo/ Campeonato Mundial – Momento dos Einsteins do jornalismo esportivo 2018-06-29
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