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Por Redação O Sul | 12 de maio de 2021
Seychelles, que vacinou a maior proporção da população contra o coronavírus do que qualquer outro país, disse que os casos ativos de covid-19 mais do que dobraram na semana até 7 de maio.
Em comunicado na última segunda-feira (10), o Ministério da Saúde do arquipélago na costa leste da África disse que 2.486 pessoas atualmente têm covid-19 e que 37% delas receberam duas doses de vacina. O número de casos ativos aumentou em relação a 1.068 na semana anterior.
As vacinas da Sinopharm foram aplicadas em 57% dos que foram totalmente imunizados, e o restante com a Covishield, imunizante fabricado na Índia sob licença da AstraZeneca.
Seychelles impôs restrições na semana passada, como o fechamento de escolas, cancelamento de eventos esportivos e a proibição do encontro de famílias não conviventes, medidas adotadas pela última vez em dezembro.
O país foi rápido ao vacinar a população de pouco menos de 100 mil habitantes, primeiro com a doação de vacinas da Sinopharm e depois com doses doadas da Covishield, para que pudesse voltar a receber turistas, que são o motor da economia.
Daniel Lucey, professor clínico de medicina da Escola de Medicina Geisel do Dartmouth College, disse em blog na semana passada que os dados sobre o sequenciamento genético ainda não estão disponíveis para os casos registrados em Seychelles em abril.
Ainda assim, a variante B.1.351, identificada pela primeira vez na África do Sul no ano passado, foi encontrada nas Seychelles em fevereiro, disse. A vacina da AstraZeneca pareceu ser menos eficaz contra essa variante em estudo, e a África do Sul suspendeu os planos de usá-la.
Uma comparação entre as vacinas Sinopharm, Covishield e pessoas infectadas não imunizadas pode ser feita usando sequenciamento genético e dados sobre a gravidade das infecções, disse Lucey.
Causas
O aumento de casos ainda não resultou em uma alta nos óbitos e a maior parte dos registros são de sintomas leves.
Ainda não existem estudos específicos sobre a situação das ilhas Seychelles, mas o infectologista Flávio Guimarães da Fonseca, diretor da Sociedade Brasileira de Virologia, explica que existem alguns fatores que pode causar essa alta nos casos e que, até o momento, não há motivos para duvidar da eficácia da vacina.
“Não chega ser surpreendente. As vacinas que atualmente estão liberadas ou licenciadas para uso emergencial foram desenvolvidas com dois focos principais: evitar doença grave e evitar óbito. Tanto que nos testes de fase três, o resultado primário não foi a limitação na infecção, mas a limitação em caso grave de adoecimento e limitação de óbito”, explicou o especialista.
“A instrução global é que as pessoas vacinadas mantenham o uso de máscara, mantenham o distanciamento, porque a gente sabe que as vacinas não vão bloquear a infecção (…) as vacinas não são esterilizante, as pessoas podem se infectar se não tiverem um grau de cuidado”, completou