Sábado, 14 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 16 de abril de 2024
Batizado de Gaia BH3, maior buraco negro estelar foi encontrado por pesquisadores da Agência Espacial Europeia.
Foto: DivulgaçãoO telescópio espacial europeu Gaia, criado para fornecer o mais detalhado mapa estelar da Via Láctea, detectou o buraco negro mais massivo já encontrado nesta galáxia. Com cerca de 33 vezes mais massa que o Sol, o chamado Gaia BH3 foi localizado na constelação Aquila, conhecida como Águia, a aproximadamente 2 mil anos-luz da Terra. A descoberta dos astrônomos da Agência Espacial Europeia (ESA) foi publicada nesta terça-feira no periódico Astronomy & Astrophysics.
O BH3 pertence à família de buracos negros estelares formados pelo colapso de estrelas massivas no fim de suas vidas, sendo a maioria com cerca de 10 vezes a massa do sol. Este tipo de buraco negro é muito menor do que os supermassivos no centro das galáxias, cuja formação ainda não é muito conhecida. Segundo a ESA, o buraco negro mais impressionante da Via Láctea, o Sagitário A, tem massa combinada de vários milhões de sóis e surgiu do colapso de nuvens de poeira e gás.
Pesquisadores estimam que existam cerca de 100 milhões de buracos negros estelares na Via Láctea, mas eles podem ser difíceis de detectar. Pasquale Panuzzo, pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa Científica no Observatório de Paris e principal autor do estudo, explicou que o descobrimento do Gaia BH3 foi “por acaso”. Enquanto os cientistas do consórcio Gaia analisavam os últimos dados da sonda para o catálogo de 2025, encontraram um sistema de estrelas binárias peculiar.
“Observamos uma estrela um pouco menor que o Sol (75% de sua massa) e mais brilhante, que orbitava em torno de um companheiro invisível. Foi uma grande surpresa”, explicou o pesquisador. “A maioria [dos buracos negros] não possui uma estrela orbitando ao seu redor, então são quase invisíveis para nós”, completou.
De acordo com Panuzzo, o Gaia BH3 é um buraco negro “adormecido”. O BH3 está tão distante de sua estrela companheira que não captura o material dela e, portanto, não emite raios-X, o que torna sua detecção muito mais difícil. Foi por meio de observações detalhadas de telescópios em terra que o achado foi confirmado pelos pesquisadores – e o valor de sua massa, calculado. Até então, o buraco negro mais massivo da galáxia era o Cygnus X-1, com 21 vezes a massa do Sol.
A descoberta fortuita foi tão importante que os cientistas divulgaram detalhes do assunto antes do planejado para permitir que outros astrônomos realizem mais observações o mais rápido possível. A próxima leva de dados do Gaia BH3 está prevista para ser lançada apenas no final de 2025. O estudo não aumenta apenas o entendimento sobre a formação dos buracos negros, mas também sobre a evolução da galáxia.