Quarta-feira, 08 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 24 de novembro de 2020
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, foi convidado por deputados e senadores a explicar a denúncia de que o Brasil corre o risco de perder, por data de validade, 6,86 milhões de testes para diagnóstico do novo coronavírus, os chamados RT-PCR.
Além dos testes perto do vencimento, o ministro Pazuello deverá esclarecer dúvidas sobre reuniões da pasta na semana passada com representantes de cinco laboratórios cujas vacinas para a covid-19 encontram-se em fase avançada de desenvolvimento.
A audiência pública com Pazuello ainda será agendada, mas a expectativa do presidente do colegiado, senador Confúcio Moura (MDB-RO), é de que a reunião ocorra até o dia 7 de dezembro.
“Vai ser, talvez, dia 7, dia 4; vamos agendar”, disse Confúcio durante a reunião desta terça.
A denúncia sobre os testes foi feita no domingo (22), pelo jornal O Estado de S. Paulo. Segundo a matéria, o Ministério da Saúde tem 6,86 milhões de testes tipo RT-PCR que devem perder a validade até janeiro de 2021 e ainda não foram distribuídos para a rede pública. Em nota, a pasta alega que aguarda parecer para “esticar” o prazo de validade dos testes que estão estocados em um depósito em Guarulhos (SP). Os testes teriam custado R$ 290 milhões à União.
Autor de um dos requerimentos, o senador Wellington Fagundes (PL-MT) cobra explicações. Para ele, é necessário saber por que o Ministério da Saúde não consegue distribuir os testes aos Estados e municípios, causando enormes prejuízos à população, que, muitas vezes, precisa pagar pelo teste.
“Sem testagem, as ações de combate à pandemia ficam mais complicadas, difíceis de serem adotadas medidas eficazes”, observou o parlamentar.
O RT-PCR é um dos exames mais eficazes para diagnosticar a covid-19. Na rede privada, o exame custa de R$ 290 a R$ 400. A notícia dos testes armazenados e próximos do fim da validade chega em um período de aumento dos casos no País, conforme aponta a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), que também apresentou requerimento cobrando explicações do governo:
“Mesmo com o horizonte de diversas vacinas, não podemos desperdiçar mais de 6 milhões de testes de covid-19 que custaram R$ 290 milhões. Com a curva de mortes subindo e o aumento de ocupação de UTIs, não podemos perder a chance de continuar testando a população contra o vírus”, apontou a parlamentar em sua conta em uma rede social.
TCU
A denúncia sobre os testes movimentou as redes sociais dos senadores na segunda-feira (23). O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) informou que pediu ao Tribunal de Constas da União (TCU) que apure a situação. Segundo Contarato, a testagem em massa da população é uma medida essencial para frear o contágio.
“Pedimos que o TCU investigue o Ministério da Saúde por estocar 6,86 milhões de testes de covid-19 prestes a vencer e não distribuídos na rede pública. O governo deveria ter combatido a doença com esses testes, mas deixou a população exposta”, escreveu no Twitter.
O senador Humberto Costa (PT-PE) também criticou a gestão do governo no combate à pandemia:
“O Ministério da Saúde confirmou no fim de semana que quase 7 milhões de testes de covid-19, que vencem em janeiro, estão guardados sob a responsabilidade do governo federal em São Paulo. Bolsonaro mentiu, disse que a pasta distribuiu todo o material para Estados e municípios”, disse em uma rede social.