Segunda-feira, 14 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 15 de março de 2022
O ministro da Saúde Marcelo Queiroga confirmou nessa terça-feira (15) dois casos de deltacron no Brasil. Os diagnósticos ocorreram em Santana, no Amapá, e em Afuá, no Pará. No entanto, o superintendente de vigilância em Saúde amapaense afirmou que o caso de seu Estado se trata de uma codetecção e não recombinação genética, o que teoricamente não poderia ser considerado um caso de deltacron.
Já a codetecção é a infecção dupla e simultânea pelas variantes delta e ômicron, sem haver mistura de material genético.
A deltacron foi identificada pela primeira vez na França, em amostras coletadas em janeiro. Os cientistas acreditam que cepa tenha nascido em uma pessoa com codetecção.
Apesar de raro, é possível que dois coronavírus diferentes invadam a mesma célula simultaneamente. Quando essa célula começa a produzir novos vírus, o novo material genético pode ser misturado, produzindo potencialmente um novo vírus híbrido.
“Nosso serviço de vigilância genômica já identificou dois casos no Brasil, um no Amapá e outro no Pará e nós monitoramos todos esses casos. Isso é fruto do fortalecimento da capacidade de vigilância genômica no Brasil”, afirmou o ministro Marcelo Queiroga.
Questionado se a identificação dos casos da nova cepa gera preocupação, Queiroga afirmou que a pasta vai monitorar a disseminação da deltacron.
“Essa variante é uma variante de importância e requer o monitoramento. As variantes são classificadas como de importância e preocupação e as autoridades sanitárias estão aqui para tranquilizar a população. As medidas são as mesmas”, disse.
Reforço
O ministro pediu que a população compareça aos postos de saúde para tomar a dose de reforço da vacina. Queiroga argumentou que a medida é importante para manter o cenário controlado.
De acordo com especialistas, a deltacron, até o momento, não demonstrou capacidade de disseminação exponencial. A chamada proteína Spike, principal alvo dos anticorpos produzidos por vacinas e infecções, é quase totalmente igual à ômicron. Devido a isso, cientistas consideram que as pessoas vacinadas ou que já foram infectadas pela ômicron possam estar protegidas.
Infectologista da Unicamp e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia, a médica Raquel Stucchi afirma que ainda é cedo para cravar as características da nova variante no que diz respeito à transmissibilidade e letalidade.
“Os vírus recombinantes tendem a não ter capacidade muito grande de se perpetuar, mas ainda é cedo para falar se será assim com a deltacron. Nos locais onde está sendo identificada temos observado aumento no número de casos, na França, na Alemanha, Dinamarca, mas ainda não sabemos qual a proporção em que essa variante é responsável por isso”, analisa a infectologista, acrescentando:
“Vamos ter de esperar mais um pouco para ter esses dados. Também não sabemos se a imunidade natural que adquirimos com a disseminação da ômicron será suficiente para combatê-la, e o quanto ela será combatida para vacinas atuais.”