Sexta-feira, 10 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 10 de julho de 2025
Tarcísio reconheceu que a medida do governo dos EUA é danosa para o Estado de São Paulo.
Foto: Pablo Jacob/Governo do Estado de SPO governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta quinta-feira (10) que a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, terá impacto “negativo” para São Paulo.
“O impacto é negativo, porque, como eu falei, São Paulo é um grande exportador. O maior destino de exportações industriais do Estado de São Paulo são os Estados Unidos”, afirmou em um evento sobre a obra do Metrô de São Paulo.
Na noite de quarta, o governador atribuiu a medida a atitudes do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Tarcísio disse em suas redes sociais que “a responsabilidade é de quem governa” e que “Lula colocou sua ideologia acima da economia, e esse é o resultado”.
Tarcísio reconheceu que a medida do governo dos EUA é “deletéria” para o Estado, ou seja, danosa, porque “pega empresas importantes, como, por exemplo, a Embraer, que fechou grandes contratos agora recentemente”.
O governador afirmou que a sua gestão já está “conversando com a embaixada” americana, mas que cabe ao governo federal estabelecer uma mesa de negociação, deixando as “questões ideológicas de lado”.
“A gente precisa, obviamente, sentar na mesa, deixar de lado as questões ideológicas, deixar de lado as questões políticas, o revanchismo, as narrativas e trabalhar. A gente precisa estabelecer uma mesa de negociação”, disse.
Aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro e cotado para disputar a Presidência contra o atual presidente em 2026, o governador afirmou que a decisão de Trump é resultado de alinhamento do Brasil a países autoritários e defesa da censura, acrescentando que o governo petista não pode jogar a culpa no seu antecessor.
“Tiveram tempo para prestigiar ditaduras, defender a censura e agredir o maior investidor direto no Brasil. Outros países buscaram a negociação. Não adianta se esconder atrás de Bolsonaro”, escreveu Tarcísio.
O anúncio de Trump foi recebido com espanto por especialistas no Brasil e no mundo, que destacaram a motivação política da decisão. “Ele [Trump] mencionou a iminente condenação do Bolsonaro”, disse, em entrevista o ex-presidente do Banco Central Alexandre Schwartsman.
“Não seria a primeira vez que os Estados Unidos usam a política tarifária para fins políticos”, escreveu o economista Paul Krugman, vencedor do Prêmio Nobel.
Entidades da indústria e da agropecuária brasileira também manifestaram preocupação com o anúncio e afirmaram que as taxas ameaçam empregos no setor.
Em resposta a Tarcísio, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou que “quem está colocando ideologia acima dos interesses do país é o governador Tarcísio e todos os cúmplices de Bolsonaro que aplaudem o tarifaço de Trump contra o Brasil”.
Segundo ela, os adversários do PT “pensam apenas no proveito político que esperam tirar da chantagem do presidente do EUA” e que se trata da “continuação do golpe pelo qual Bolsonaro responde no STF, agora usando tarifas de um país estrangeiro”.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também comentou o posicionamento do governador de São Paulo e disse que ele é candidato “a vassalo”.
“O governador [Tarcísio] errou muito. Porque ou bem uma pessoa é candidata a presidente, ou é candidata a vassalo. E não há espaço no Brasil para vassalagem, desde 1822 isso acabou. O que está se pretendendo aqui? Ajoelhar diante de uma agressão unilateral sem nenhum fundamento econômico”, afirmou.