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Alexandre Teixeira G. de Castilhos Rodrigues Depois do diagnóstico: a vida ganha novas cores

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O recente falecimento da cantora Preta Gil, vítima de um câncer colorretal, abalou o País e reacendeu um velho fantasma.

Foto: Reprodução
O recente falecimento da cantora Preta Gil, vítima de um câncer colorretal, abalou o País e reacendeu um velho fantasma. (Foto: Reprodução/Instagram)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editoriais de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

O recente falecimento da cantora Preta Gil, vítima de um câncer colorretal, abalou o País e reacendeu um velho fantasma. A repercussão nacional me motivou a compartilhar um pouco da minha própria experiência com essa doença, que ainda assusta como se fosse uma sentença definitiva.

Sim, receber o diagnóstico de câncer é como ouvir o estalo seco de um martelo de juiz: “Sentença de morte!” É natural que a mente se inunde de pensamentos sombrios. Mas não precisa ser assim. Por isso escrevo este texto — para dizer que o câncer, embora feroz, pode ser enfrentado com coragem, ciência, e amor à vida.

Todos temos dentro de nós um sistema de reparo celular — uma espécie de oficina biológica que corrige erros naturais durante a divisão das células. Às vezes, esse sistema falha. E quando a célula com defeito continua a se multiplicar descontroladamente, nasce o tumor maligno. Esse “curto-circuito” no corpo pode ter causas genéticas, vir com a idade ou, simplesmente, ocorrer ao acaso.

Se o problema está nos genes — como uma porta quebrada desde a origem — vale a pena investigar o histórico familiar e, se indicado, fazer testes genéticos preventivos. Foi o que fez a atriz Angelina Jolie, ao descobrir uma mutação hereditária: optou por uma mastectomia dupla preventiva, e ganhou tempo e paz.

A idade também é fator de risco. Após os 70 anos, o sistema de reparo já não funciona como antes. Mas isso não significa fim de linha. Com exames de rotina e diagnóstico precoce, a maioria dos cânceres pode ser tratada com sucesso.

Muitas vezes, a evolução da doença é lenta, e o tratamento precoce salva vidas. E há, por fim, os fatores externos — os “acasos” que não são tão casuais assim. Dieta pobre, fumo, álcool, sedentarismo, obesidade, estresse — esses hábitos
abrem as portas para o câncer. São riscos evitáveis, e mudar o estilo de vida é o primeiro passo para blindar o corpo.
Hoje, os avanços da medicina são notáveis. Diagnósticos são mais rápidos, tratamentos menos agressivos, e as chances de cura — quando se descobre cedo — são reais. Quimioterapia, radioterapia, imunoterapia, cirurgia: o arsenal é vasto, e a ciência, uma grande aliada.

Mas tão importante quanto o tratamento é a atitude diante da doença. Manter-se ativo, preservar uma rotina leve, alimentar-se bem, caminhar, rir, amar. A parada brusca — o abandono do cotidiano — enfraquece o corpo e a alma. A fé, o pensamento positivo e o apoio da família são bálsamos. A cabeça precisa estar convencida da vitória.

Depois que se deixa o cigarro, sente-se novamente o perfume das rosas. Ao abandonar o álcool, o doce das frutas ganha intensidade. Quando se perde o telhado, vê-se, enfim, as estrelas. Vencer o câncer é redescobrir a vida — e
perceber que aquilo que antes parecia essencial já não tem tanta importância.

Aprende-se a valorizar o que realmente conta: o toque sincero, o afeto gratuito, o abraço demorado. No retorno da jornada, depois de flertar com a finitude, descobre-se que o que move o mundo é o amor incondicional. A vida passa rápido. Como diz o Salmo 90: “Os anos da nossa vida chegam… a vida passa depressa, e nós voamos.”

Mas enquanto houver fôlego, há luta. E enquanto houver amor, haverá luz no caminho.

  • Alexandre Teixeira G. de Castilhos Rodrigues é advogado, escritor e membro da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul – AMLERS

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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