Terça-feira, 01 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 6 de dezembro de 2021
A polêmica postagem de um congressista dos Estados Unidos tornou-se o novo exemplo da polarização que racha o país. Deputado pelo Partido Republicano do Estado de Kentucky, Thomas Massie postou uma foto de Natal com sua família enquanto todos seguram rifles de estilo militar.
No tuíte, Massie escreveu também escreveu uma legenda provocativa. “Feliz Natal! Papai Noel, por favor, traga munição.”
A postagem aconteceu poucos dias após um novo tiroteio causar quatro mortes numa escola secundária de Oxford, no interior do Michigan. O ataque foi provocado por um adolescente de 15 anos, que pegou a arma dos pais.
Especialistas em política americana também apontaram a influência do estilo do ex-presidente Donald Trump sobre o partido. Provocativa, a imagem foi publicada para se tornar viral e desencadear indignação da esquerda.
Foi o que de fato aconteceu. O post foi condenado por famílias afetadas pela violência armada, que publicaram imagens de seus entes atingidos por tiros.
A filha de Fred Guttenberg, Jaime, foi morta em um tiroteio em escola em Parkland, na Flórida, em 2018 – um dos piores ataques em escolas que os EUA já viram.
Ele postou uma foto de Jaime e também uma foto de sua lápide embaixo do post do congressista. E escreveu ao deputado: “Já que estamos compartilhando fotos de família, aqui estão as minhas. Uma é a última foto que tirei de Jaime, a outra é onde ela está enterrada por causa do tiroteio na escola de Parkland”.
Manuel Oliver, cujo filho Joaquin também morreu no ataque em Parkland, disse à CNN que o tuíte era “o pior mau gosto possível”.
Mas até republicanos demonstraram incômodo com a imagem. Deputado do partido pelo Estado do Illinois, Adam Kinzinger afirmou que Massie demonstrou “fetiche por arma” com o post.
E Anthony Scaramucci, que foi diretor de comunicações do ex-presidente Trump, tuitou que financiaria qualquer candidato que concorressem contra Massie nas próximas eleições legislativas.
Apesar das críticas, vários nomes proeminentes nos círculos conservadores dos EUA defenderam o parlamentar.
A representante do Colorado e ativista pelos direitos a armas, Lauren Boebert, tuitou: “Esse é o meu tipo de cartão de Natal”. Outro republicano, Jose Castillo escreveu “Tudo que eu quero no Natal é… mais autoridades eleitas como Thomas Massie.”
Nas últimas semanas, outras manifestações republicanas provocaram debate nacional. Em novembro, o deputado pelo Arizona Paul Gosar postou uma animação que o retrata matando a deputada democrata Alexandria Ocasio-Cortez.
E em outubro, a parlamentar conservadora Lauren Boebert fez comentários anti-islã contra outra democrata, Ilhan Omar.
Boebert afirmou que ela e um membro de sua equipe estavam pegando uma carona no Capitólio quando viu um policial assustado correndo em direção a eles.
A deputada afirmou que a razão para o susto era a presenta de Ilan Omar vestida com o tradicional véu muçulmano.
Segunda Emenda
Massie foi eleito representante do Kentucky no Congresso pela primeira vez em 2012 e está intimamente associado à ala libertária do Partido Republicano.
Ele é um defensor ferrenho da Segunda Emenda – o direito de manter e portar armas – e sempre se opôs fortemente a quaisquer iniciativas de controle de armas, dizendo em entrevistas que elas não impediriam os massacres em escolas.
Em abril, ele apresentou um projeto de lei para reduzir a idade de compra de armas de 21 para 18 anos.
Em 2020, a violência armada matou quase 20.000 americanos – mais do que qualquer outro ano em pelo menos duas décadas – de acordo com dados do Gun Violence Archive. As informações são da revista Veja e da BBC News.