Sexta-feira, 04 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 4 de janeiro de 2022
O deputado federal Josimar Maranhãozinho (PL), alvo de operação da PF (Polícia Federal) que investiga desvio de verbas públicas, realizou em dezembro uma transmissão ao vivo nas redes sociais para sortear prêmios em dinheiro.
Ao lado da sua mulher, a deputada Dentinha (PL), o pré-candidato ao governo do Maranhão distribuiu cerca de R$50 mil, em prêmios que variavam de R$500 a R$2 mil.
Para participar do sorteio, o interessado mandava uma mensagem nas redes sociais do deputado, com o nome completo, o telefone e a cidade onde mora. Ao longo da “live”, Maranhãozinho e Dentinha retiravam papéis de um cesto e, em seguida, anunciavam o ganhador.
De acordo com os parlamentares, o dinheiro era proveniente de doações, do que chamaram de “parceiros”, que, segundo eles, eram prefeitos de cidades do Maranhão, empresários e pré-candidatos estaduais.
Com um boneco de Papai Noel, uma árvore iluminada e uma plateia ao fundo, Maranhãozinho, que é correligionário do presidente Jair Bolsonaro (PL), apresentou um vídeo antes de começar o sorteio. A gravação mostrou supostos feitos do deputado no Estado, como a inauguração de uma praça de eventos em Monção.
Durante a investigação que alcançou Maranhãozinho, a Polícia Federal gravou o deputado manuseando uma caixa de dinheiro e entregando a um homem desconhecido. Segundo a PF, a quantia faz parte de um esquema de desvio de recursos de emendas parlamentares. Na gravação, Maranhaozinho chega a dizer que havia R$ 250 mil na caixa.
Maranhãozinho nega qualquer irregularidade e diz que a imagem retrata a sua atividade empresarial na pecuária “com compra e venda de gado e equipamentos com órgãos privado”.
O vídeo faz parte de uma investigação sigilosa envolvendo Maranhãozinho por suspeita dos crimes de peculato, lavagem de dinheiro, organização criminosa e fraude em licitação. A PF desconfia que o dinheiro manuseado pelo deputado seria proveniente de um esquema de desvio de emendas parlamentares por meio de prefeituras do Maranhão, que contratariam empresas ligadas ao parlamentar para desviar os recursos.
Em abril de 2020, Maranhãozinho alocou R$ 15 milhões em emendas parlamentares destinadas à área da saúde para diversas prefeituras do Maranhão. Alguns dos municípios beneficiados contrataram, inclusive com dispensa de licitação, empresas que, segundo a PF, possuem vínculos com o parlamentar, como a Aguia Farma, a Medshop e Atos Engenharia. Relatórios do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), órgão de combate à lavagem de dinheiro, identificaram “vultuosos saques” nas contas dessas firmas.
A Medshop, por exemplo, recebeu R$ 3,9 milhões por meio dos fundos de saúde de cinco municípios. Após o repasse, entre junho e agosto de 2020, foram feitos 13 saques em espécie das contas da empresa no valor total de R$ 3,1 milhões.
A PF também monitorou saques em agências bancárias feitas em nome das empresas por pessoas que, em seguida, iam até o escritório de Maranhãozinho localizado em São Luís, no Maranhão.
Com base nessa suspeita, a PF instalou câmeras para gravação de áudio e vídeo no escritório do deputado e monitorou, no fim do ano passado, diversos diálogos sobre entrega de dinheiro vivo, além de imagens do parlamentar com caixas de dinheiro. As informações são do jornal O Globo.