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Por Redação O Sul | 20 de outubro de 2019
O menino detido na fronteira dos Estados Unidos tinha acabado de completar quatro anos quando iniciou sua jornada. Ele saiu do Brasil em agosto para entrar no país pelo México, uma rota perigosa e conhecida pelos imigrantes sem documento.
O casal que levava o garoto foi preso pelos agentes de imigração na fronteira com o Texas, enquanto a criança seguiu para um abrigo em Chicago, onde está há mais de 50 dias.
Seus pais, Jussara Maria da Silva e Regiany Assis Costa, já estavam nos EUA e afirmam que entregaram o menino ao casal da travessia seis meses antes, ainda no Brasil. Desempregado e sem dinheiro para criar seis filhos em Gonzaga, pequena cidade no interior de Minas Gerais, Costa diz que decidiu doar o caçula e tentar uma vida nova nos Estados Unidos.
Levou a mulher e uma das crianças em meados de junho, e as outras haviam cruzado a fronteira um mês antes, com casais brasileiros que as devolveram quando a família chegou. “Arrisquei minha vida e a dos meus filhos, mas é para dar um futuro melhor a eles. Não roubei, não matei. Se não der certo, volto ao Brasil”, disse Costa.
Esquema migratório
A história é recorrente entre os que tentam entrar nos EUA sem documento. Adultos cruzam a fronteira com menores de idade e se entregam às autoridades migratórias, evitando a deportação imediata, já que as crianças não podem permanecer sozinhas durante os trâmites de repatriação.
Assim era para ter ocorrido com o menino brasileiro e seus acompanhantes. Os três viajaram até o México, hospedaram-se em um hotel na fronteira e, em seguida, entregaram-se à imigração. Juntos, ficaram detidos por quatro dias e, depois de liberados, foram para a Filadélfia. Lá, eles esperam o desfecho do pedido de asilo econômico para não serem mandados de volta ao Brasil.
Entretanto, a situação fugiu do planejado, e o menino foi separado dos adultos que o acompanhavam.
“É isso que não entendo, ainda mais apresentando documentos originais”, afirma Costa em referência à doação do filho que diz ter sido registrada em cartório brasileiro. Advogados divergem sobre a legalidade desse tipo de acordo.
Ele diz que seu objetivo agora é esperar que os amigos sejam soltos e reaver a criança brasileira, que ele ainda não encontrou desde a saída do Brasil.