Quinta-feira, 18 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 11 de agosto de 2020
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na noite de segunda-feira (10) na Casa Branca que o país pode impor tarifas a produtos brasileiros se o governo Bolsonaro não reduzir as taxas do Brasil ao etanol americano.
Perguntado sobre a pressão que estaria fazendo para que o Brasil elimine tarifas sobre a importação do produto dos EUA, Trump afirmou que “em algum momento” esse assunto será discutido.
“Nós não queremos ninguém nos tarifando, embora eu tenha uma relação muito boa com o presidente Bolsonaro”, disse o presidente americano. “No que se refere ao Brasil, se eles impõem tarifas, nós temos de ter uma equalização de tarifas. Vamos apresentar algo que tenha a ver com tarifas, e com justiça. Porque muitos países, por muitos anos, têm nos cobrado tarifas para fazer negócios, e nós não cobramos deles. E isso se chama reciprocidade, se chama tarifas recíprocas, e talvez você veja algo sobre isso muito em breve.”
Produtores brasileiros de etanol pressionam o governo federal para restabelecer, em setembro, a tarifa de importação de 20% prevista na Tarifa Externa Cocum (TEC) no Mercosul para a importação do combustível dos Estados Unidos.
No próximo dia 31 de agosto vence o prazo da isenção de importação para até 750 milhões de litros de etanol concedida pelo governo brasileiro no ano passado, e os produtores não querem que ela seja renovada.
A questão já está provocando uma queda de braço nos bastidores do setor. De um lado os produtores brasileiros defendem o fim das isenções. De outro, os produtores de etanol americanos pressionam para que o governo brasileiro amplie a tarifa zero para todas as exportações do combustível dos EUA para o Brasil, sem cotas.
Atualmente, há isenção para importação de até 750 milhões de litros de etanol por ano, mas a partir daí a tarifa é de 20%. A cota já foi flexibilizada, mas a Embaixada dos EUA no Brasil tem feito apelos ao governo para derrubar as tarifas.
O embaixador dos EUA no Brasil, Todd Chapman, tem sido pressionado por parlamentares democratas americanos a respeito do tema, já que a mudança na cota do etanol pode ser explorada politicamente por Trump com os agricultores americanos do Meio-Oeste, base do eleitorado republicano
Em uma manifestação após críticas de deputados democratas, Chapman informou que em nenhum momento solicitou a autoridades brasileiras que tomassem medidas em apoio a Trump. “Como diplomata de carreira, tive o prazer de servir ao governo dos EUA sob as administrações de ambos os partidos políticos”, afirmou o embaixador.
O etanol americano é produzido do milho, cuja produção já é mais barata que o brasileiro, feito da cana-de-açúcar, e ainda recebe subsídios. A pandemia reduziu a demanda e, consequentemente, os preços de gasolina e etanol.
O Brasil importou 810,92 milhões litros de etanol dos EUA neste ano. Os números vêm caindo desde 2017, quando as importações atingiram a marca de 1,8 bilhão. A produção média de etanol nos EUA atingiu a marca de 931 mil barris por dia no início de julho. No ano passado, houve queda de 14% nas exportações de etanol ante 2018, a primeira desde 2015.