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Política Em depoimento, o ex-secretário da comunicação cai em contradições sobre agenda, campanhas e negociações com a Pfizer

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O depoimento de Wajngarten foi marcado pela tensão entre ele e os senadores e pelas diversas contradições em que caiu. (Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado)

O depoimento do ex-secretário de Comunicação da Presidência da República Fabio Wajngarten à CPI da Covid nesta quarta-feira (12) foi marcado tanto pela tensão entre ele e os senadores quanto pelas diversas contradições em relação ao que ele disse aos parlamentares.

Ao longo das mais de sete horas de depoimento, Wajngarten caiu em contradição pelo menos três vezes e chegou a ter sua ordem de prisão pedida pelo relator, Renan Calheiros (MDB-AL).

A primeira contradição no depoimento de Fabio Wajngarten foi em relação aos registros de seus encontros com representantes da Pfizer em 2020. Em depoimento, o ex-secretário disse que teve três encontros com representantes da companhia farmacêutica na tentativa de destravar a negociação de um acordo de compra de vacinas contra a covid-19.

Ao ser questionado pelo senador governista Eduardo Girão (Podemos-CE) sobre se os encontros haviam sido registrados em sua agenda, Wajngarten disse que sim.

A agenda oficial de Wajngarten, porém, não contém nenhum registro nas datas informadas de reuniões entre ele e representantes da farmacêutica. Por lei, audiências entre servidores públicos e atores privados precisam ser registradas oficialmente.

A segunda contradição no depoimento de Wajngarten aconteceu ao ser questionado sobre seu papel nas negociações com a Pfizer. Questionado pelo relator Renan Calheiros, o ex-secretário disse não ter discutido sobre os preços que seriam cobrados pela Pfizer pelas doses a serem fornecidas ao Brasil caso o acordo fosse firmado.

“Naquela oportunidade, agora chegou o momento de tirar a dúvida, qual foi o valor oferecido por dose da vacina?”, questionou Renan Calheiros.

“Não se discutiu isso nesse momento, senador. Foi uma visita rápida e cordial em que ele agradece pela minha proatividade e por ter respondido à carta. Nada além disso.”

Em outro momento, Renan voltou a abordar o assunto e Wajngarten repetiu que não discutiu valores com os negociadores da Pfizer.

“Em que medidas a negociação para a compra de vacinas é de competência da Secom?”, disse Renan.

“Nenhuma, senador. Em nenhum momento a Secom negociou valores, condições contratuais”, respondeu Wajngarten.

Em entrevista concedida à revista Veja, no entanto, Wajngarten dá a entender claramente que ele teve, sim, acesso aos preços negociados pela farmacêutica com o governo brasileiro.

Em determinado trecho, ao elogiar a postura da empresa, o ex-secretário diz que as negociações das quais ele participou teriam avançado e a empresa teria oferecido um valor abaixo de US$ 10 por dose. O valor é inferior aos US$ 10 dólares pagos pelo Ministério da Saúde no primeiro contrato que prevê a entrega de 100 milhões de doses ao governo brasileiro.

“As negociações avançaram muito. Os diretores da Pfizer foram impecáveis. Se comprometeram a antecipar entregas, aumentar os volumes e toparam até mesmo reduzir o preço da unidade, que ficaria abaixo dos 10 dólares. Só para se ter uma ideia, Israel pagou 30 dólares para receber as vacinas primeiro. Nada é mais caro do que uma vida. Infelizmente, as coisas travavam no Ministério da Saúde”, disse Wajngarten à revista.

A terceira contradição, na realidade, aconteceu em sequência e envolveu a campanha “O Brasil não pode parar”, divulgada em março de 2020. Na época, um vídeo com esse mote circulou na internet e os perfis da Secom em redes sociais chegaram a fazer postagens com o mesmo slogan. Após a repercussão negativa da campanha em meio ao endurecimento da epidemia no País, a campanha foi retirada do ar.

Respondendo a um questionamento do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) sobre o vídeo, Wajngarten disse primeira que não sabia se ele era ou não de autoria da Secom.

“Eu me recordo de um vídeo circulando, (dizendo) “O Brasil Não Pode Parar”. Eu não tenho certeza se ele é de autoria, de assinatura da Secom. Não sei se ele foi feito dentro da estrutura ou circulou de forma orgânica”, disse o ex-secretário.

Entretanto, no dia 27 de março do ano passado, a Secom divulgou nota confirmando que o vídeo foi “produzido em caráter experimental” e que seria “proposta inicial para possível uso nas redes sociais”.

A secretaria também chegou a fazer duas publicações, uma no Twitter e outra no Instagram, utilizando o mesmo mote de “O Brasil Não Pode Parar”, mas deletou as postagens depois da repercussão negativa.

Ao falar sobre a campanha no depoimento, Wajngarten disse que não se recordava bem dos fatos na época porque estaria “fora” durante o mês de março por ter contraído a covid-19.

Entretanto, no dia 14 de março do ano passado, em conversa por vídeo com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), Wajngarten disse que estava “trabalhando normal”, inclusive aprovando campanhas:

“Eu estou trabalhando normal. Tenho aprovado campanhas. Tenho conversado com os criativos das agências de publicidade.”

Wajngarten foi então confrontado pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE), que chegou a colocar um trecho do vídeo do ex-secretário no microfone.

Depois de dizer que não se recordava de ter sido a Secom a autora do vídeo com o mote “O Brasil não pode parar”, ele reconheceu que foi o órgão sim que o produziu.

“Isso já é suficiente, senhor presidente, pra dizer que vossa excelência (Wajngarten) mentiu nesta oitiva”, disse o senador.

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