Terça-feira, 19 de agosto de 2025
Por Redação O Sul | 18 de agosto de 2025
O ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) acusou o ministro da Educação, Camilo Santana (PT), de envolvimento em escândalos sexuais no Ceará. A fala foi proferida durante um aniversário do ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio (União Brasil) e circula nas redes sociais.
No vídeo, Ciro afirma que Camilo, que também é ex-governador do estado, tinha a ajuda da prefeita de Crateús (CE), Janaína Farias (PT), para “recrutar” as moças. Janaína foi eleita segunda suplente de senadora na chapa de Camilo em 2022.
O ex-ministro já ofendeu Janaína em outra ocasião, tendo sido condenado a pagar R$ 52 mil por violência política de gênero contra a prefeita, por tê-la chamado de “assessora de assuntos de cama”. A decisão foi da juíza Priscila Faria da Silva, do TJDFT (Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios). Cabe recurso.
“A pessoa que recrutava moças pobres de boa aparência para fazer o serviço sexual sujo do senhor Camilo Santana virou senadora pelo Ceará e agora é prefeita de um município do estado. E isso é um desafio para o qual os meus queridos amigos estão me chamando para encarar. É para eu encarar? Eu vou encarar”, disse Ciro.
O ex-ministro também fez críticas ao líder do governo Lula na Câmara, deputado federal José Guimarães (PT-CE), cotado para disputar o Senado em 2026.
Ciro é cotado para se filiar ao PSDB e pode ser candidato a governador pelo partido no próximo ano. A articulação é liderada pelo ex-senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).
O ex-governador do PDT, que disputou a Presidência quatro vezes, vem fazendo uma aproximação crescente com partidos de direita no Ceará. Ele também se tornou feroz opositor do governo Lula, o que dificulta sua permanência no partido de centro-esquerda, já que o PDT migrou para a base aliada do governador Elmano de Freitas (PT).
Para o PSDB, que vive um processo de perda de lideranças há alguns anos, o retorno do ex-ministro é um visto como um reforço positivo.
Em suas redes sociais, Janaína Farias disse que foi “covardemente atacada” por Ciro Gomes.
“Mais uma vez, sou atacada covardemente pelo senhor Ciro Gomes, figura conhecida por agredir moralmente as pessoas e, principalmente, as mulheres. Inclusive, ele já foi condenado por ataques desse tipo. Um misógino, que, cada vez mais, diante de seu fracasso político, busca atingir a honra das pessoas, de forma irresponsável e inconsequente”, disse a prefeita de Crateús.
Por meio de nota, Camilo Santana disse que Ciro Gomes “terá que prestar contas na Justiça, em mais um processo, como tantos outros que responde, inclusive com condenação, por tentar macular a honra das pessoas”.
Eleições
A direção do PSDB está inclinada a defender uma candidatura de Ciro ao Governo do Ceará em 2026. No Ceará, Ciro está rompido com o PT desde 2022, após uma aliança que durou 16 anos.
O acordo implodiu quando o atual ministro da Educação, Camilo Santana, lançou Elmano de Freitas como candidato nas eleições para o governo. Na ocasião, Ciro apoiou o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio, que era do PDT e agora está filiado ao União Brasil. A candidatura foi derrotada pelo PT no primeiro turno.
Em maio de 2025, Ciro fez um apelo pela união das oposições no Ceará e sinalizou apoio à candidatura ao Senado do deputado estadual bolsonarista Alcides Fernandes (PL). Ele é pai do deputado federal André Fernandes (PL), derrotado em 2024 no segundo turno da disputa pela Prefeitura de Fortaleza.
Apesar do desejo do PSDB de que o ex-ministro concorra ao governo cearense, Ciro indicou a aliados locais que pretende apoiar Roberto Cláudio para o posto.
Em caso de filiação, Ciro retornaria ao PSDB após quase 30 anos. Ele foi filiado ao partido de 1990 a 1997. No período, foi governador do Ceará e ministro da Fazenda do governo de Itamar Franco.
O histórico partidário do ex-ministro inclui também passagens por PDS, PMDB, PPS, PSB, Pros e PDT. Em várias ocasiões, Ciro definiu sua trajetória partidária como “uma tragédia”, em razões das várias mudanças de agremiação. (Com informações da Folha de S.Paulo)