Terça-feira, 21 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 26 de abril de 2017
De uma casa no bairro do Sumaré, na Zona Oeste de São Paulo, saíram negócios de cerca de R$ 3 bilhões do grupo Odebrecht com o FI-FGTS, o fundo de investimento em infraestrutura com recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Nesse endereço funcionavam empresas de Andre Luiz de Souza. Era a ele que, de acordo com oito delatores, a empresa recorria e pagava quando precisava liberar recursos do FI-FGTS para os setores de transportes, saneamento, energia e incorporação imobiliária.
Por seus trabalhos, Souza recebeu algumas dezenas de milhões de reais, segundo os delatores disseram ao Ministério Público Federal, no âmbito da Operação Lava-Jato. Em junho do ano passado, data da última demonstração financeira do fundo, o FI-FGTS tinha um patrimônio de R$ 32,6 bilhões, sendo que 16% estavam investidos em empresas que têm o grupo Odebrecht como controlador ou acionista: Odebrecht Transport, Odebrecht Ambiental e usina hidrelétrica de Santo Antônio. Além do FI-FGTS, houve operações feitas diretamente com o FGTS, que comprou debêntures e vendeu títulos imobiliários para a Odebrecht Realizações Imobiliárias. Também nesse caso, Souza é citado como o facilitador da transação.
Ex-sindicalista da Central Única dos Trabalhadores, Souza fez parte de estruturas de aconselhamento e decisão do FGTS de 1995 a 2011, quando renunciou à posição de integrante do comitê de investimento do fundo, órgão responsável por escolher em quais projetos o FI-FGTS vai aportar recursos. De acordo com os relatos dos delatores da Odebrecht, pelo menos desde 2008 – quando já estava no comitê de investimento do FI-FGTS -, Souza vinha prestando serviços de consultoria para a Odebrecht com o objetivo de captar dinheiro do fundo por meio de suas empresas, como Contrathos
e Nova Advisors.