Sexta-feira, 04 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 17 de dezembro de 2020
Após a demissão pelo Google da pesquisadora negra Timnit Gebru no início do mês, que causou revolta entre milhares de funcionários da empresa, bem como membros da sociedade civil, a equipe de pesquisa Ethical AI (Inteligência Artificial Ética, em inglês), da empresa, solicitou que a gigante se comprometa com maior liberdade acadêmica, e pediu a retirada de uma vice-presidente do comando do grupo.
A demissão de Gebru ocorreu depois que ela escreveu um artigo sobre o potencial de uma ferramenta de inteligência artificial usada pelo Google e outras empresas de tecnologia para imitar a escrita humana de discursos de ódio e linguagem distorcida, de acordo com uma reportagem da rádio pública americana NPR.
A pesquisadora, cofundadora de um grupo dedicado a impulsionar o talento de pessoas negras no campo da inteligência artificial, afirmou que a empresa havia exigido que ela se retratasse do trabalho investigativo e que depois foi dispensada quando enviou um e-mail para um grupo interno da empresa, lamentando o “silenciamento de vozes marginalizadas”.
Os funcionários pediram, na quarta-feira (16), que a vice-presidente Megan Kacholia seja retirada da gestão da equipe depois que ela supostamente excluiu o chefe direto de Gebru da decisão de demiti-la, de acordo com um documento interno visto pela agência de notícias Reuters.
O documento também exige uma explicação sobre a demissão, mais transparência nas revisões dos artigos de pesquisa dos funcionários e uma investigação sobre como o Google lida com as reclamações dos funcionários sobre as condições de trabalho, como as levantadas por Gebru enquanto estava na empresa.
Gebru se destacou como cofundadora da organização sem fins lucrativos Black in AI e como coautora de um artigo marcante sobre o viés racial na tecnologia de reconhecimento facial. Ela foi colíder da equipe Ethical AI da empresa, que o documento dizia ser essencial para informar o público sobre os impactos dos sistemas de inteligência artificial, mesmo quando isso significasse uma crítica construtiva ao Google.
O Google e Kacholia não retornaram imediatamente um pedido de comentário à Reuters. Não ficou claro quantas pessoas assinaram o documento, que seguiu uma petição anterior por liberdade acadêmica reunindo assinaturas de mais de 2.600 funcionários da empresa.