Por Redação O Sul | 9 de junho de 2025
A fraude geralmente começa com a criação de um perfil falso, com nome semelhante ao da empresa original.
Foto: ReproduçãoEmpresas que usam o Instagram como principal canal de vendas têm enfrentado um novo tipo de golpe: contas falsas que clonam perfis comerciais, imitam a identidade visual dos negócios e enganam clientes em busca de produtos ou serviços. O resultado é perda de dinheiro para os consumidores e, em casos mais graves, o fechamento das empresas afetadas.
A fraude geralmente começa com a criação de um perfil falso, com nome semelhante ao da empresa original e fotos copiadas diretamente do perfil verdadeiro. Os golpistas entram em contato com seguidores da conta original, oferecem promoções e pedem pagamentos antecipados por meio de transferências via Pix. Quando o cliente percebe o golpe, o dinheiro já foi enviado — e os criminosos somem sem deixar rastros.
“Vi uma promoção de roupas no perfil da loja que eu já seguia. Fiz o pagamento e depois percebi que a conta era falsa. Quando procurei a loja verdadeira, descobri que não era a primeira vítima”, contou a designer Mariana Lopes, que perdeu R\$ 420 em um golpe desse tipo.
Ao tentar denunciar os perfis fraudulentos ao Instagram, muitas vítimas e empresas relatam frustração. Em vez de remover as contas falsas, a plataforma acaba suspendendo o perfil original, prejudicando ainda mais o negócio. Sem acesso à conta principal, os empreendedores perdem visibilidade, clientes e vendas.
A empresária Júlia Ferreira, dona de uma loja de cosméticos online, viu o faturamento despencar depois que sua conta original foi derrubada. “Fiz dezenas de denúncias e mandei documentos comprovando que era a dona do negócio. Mesmo assim, quem continuou online foi o perfil falso. Não consegui recuperar minha conta e estou encerrando as atividades”, lamenta.
Especialistas em segurança digital alertam que o ambiente das redes sociais tem sido cada vez mais explorado por golpistas, especialmente em plataformas com pouca verificação de identidade e alto volume de interações comerciais. “O Instagram se tornou um campo fértil para esse tipo de fraude por causa da confiança que os usuários depositam nos perfis”, afirma o analista de cibersegurança Felipe Cardoso.
Em muitos casos, os golpistas usam perfis patrocinados para aumentar o alcance das contas falsas, o que torna ainda mais difícil identificar a fraude antes que ela ocorra. Além disso, a agilidade com que os criminosos criam e apagam contas dificulta a atuação da polícia e das plataformas.
A ausência de uma resposta rápida por parte do Instagram tem sido criticada por entidades de defesa do consumidor e por associações de pequenos empresários. Para elas, a plataforma precisa adotar mecanismos mais eficazes de verificação, autenticação de contas comerciais e rastreamento de denúncias.
Enquanto isso, especialistas recomendam que empresas utilizem ferramentas de autenticação em dois fatores, evitem compartilhar informações sensíveis nas mensagens diretas e orientem os seguidores a verificar cuidadosamente o perfil antes de realizar pagamentos.
A Delegacia de Crimes Cibernéticos de diversos estados também tem recebido aumento no número de queixas relacionadas a esses golpes. Embora ainda haja dificuldades na identificação dos autores, as autoridades alertam que é fundamental registrar boletim de ocorrência e guardar todos os comprovantes das transações, para que os casos possam ser investigados.
