Terça-feira, 06 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 6 de maio de 2025
O alinhamento do grupo “alternativo” a Bolsonaro é visto politicamente como uma forma de se antecipar ao ex-presidente
Foto: DivulgaçãoCom o congestionamento de nomes do espectro da direita interessados no espólio de Jair Bolsonaro, governadores têm se movimentado para conquistar espaço e planejam uma união para pressionar o ex-presidente.
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), que já lançou sua pré-candidatura, tem feito acenos aos colegas, enquanto Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul, Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, e Ratinho Junior (PSD), do Paraná, outros nomes vistos como presidenciáveis, já falam abertamente em uma aliança na reta final da escolha de candidatos.
Essa movimentação inclui a participação em eventos e defesa de pautas bolsonaristas no Congresso. O alinhamento do grupo “alternativo” a Bolsonaro é visto politicamente como uma forma de se antecipar ao ex-presidente, que mantém o discurso de que será o candidato da oposição, mesmo inelegível, e indica como opção apenas integrantes da sua família.
O recado, de acordo com aliados dos governadores, é que, mesmo sem “autorização”, eles estão disponíveis para o jogo. Os mesmos aliados ponderam que a unificação do discurso gera um cenário de mais “tranquilidade” para o campo da direita, mostrando aos eleitores que, independentemente do escolhido, os nomes conservadores estarão juntos e alinhados.
Apenas na última semana, Zema, Caiado e Ratinho estiveram juntos em eventos ligados ao agronegócio nas cidades de Uberaba (MG) e Ribeirão Preto (SP), onde Bolsonaro venceu o presidente Lula em 2022.
O partido de Caiado, União Brasil, se uniu na semana passada em federação com o PP, de Ciro Nogueira. Líderes da federação confirmam que Caiado é pré-candidato, mas a manutenção de candidatura dependerá do desempenho nas próximas pesquisas de intenções de voto; ele precisaria atingir ao menos 10% ainda neste ano para ser considerado viável.
Nos bastidores, contudo, lideranças dos dois partidos assumem que o governador de Goiás tem chances baixas e dizem trabalhar para que a federação esteja alinhada a um candidato com potencial de vitória contra Lula.
Além de Bolsonaro, apenas outro nome é citado como forte o suficiente para enfrentar o atual presidente: o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP). Ao menos cinco lideranças da cúpula da nova federação citaram-no como o candidato do consenso.
Para integrantes da federação, inclusive, o governador de São Paulo seria mais aceito entre os parlamentares do que o próprio Bolsonaro, já que Tarcísio é bem visto pelas lideranças de centro e o ex-presidente ainda carrega uma rejeição pelo radicalismo nos discursos.
O líder do PP na Câmara, Doutor Luizinho (RJ), avalia que a federação com o União precisará se posicionar no ano que vem ao lado de um candidato com altas chances de vitória, com o objetivo de também fortalecer as candidaturas proporcionais de deputados e senadores.
A baixa aprovação do governo abriu um espaço para conquista do eleitor de centro e até centro-esquerda, insatisfeito com as entregas petistas.
De acordo com pesquisa Datafolha do último dia 25, Lula até conseguiu uma tímida melhora na proporção dos que avaliam sua gestão como ótima ou boa, entre fevereiro e abril. O índice de aprovação passou de 24% para 29%. Apesar disso, 38% seguem considerando o governo como ruim ou péssimo. Em fevereiro, o índice era de 41%. Outros 32% consideram a gestão “regular”, mesmo percentual da pesquisa anterior.
A movimentação política dos governadores de direita também chamou atenção do Palácio do Planalto e levou Lula a assumir, em reunião com líderes da Câmara dos Deputados, na semana passada, que será candidato à reeleição. A avaliação é que a dúvida gerada por Lula estava abrindo ainda mais espaço para os nomes da direita construírem uma alternativa ao eleitor. As informações são do jornal O Globo.