Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 19 de maio de 2017
O lobista Ricardo Saud, ligado ao grupo JBS/Friboi e apontado como o operador da distribuição de propina da empresa a políticos, disse em depoimento que o presidente Michel Temer e um dos da empresa, Joesley Batista, tinham uma senha para se referir ao pagamento de mesadas na cadeia ao ex-deputado Eduardo Cunha e o doleiro Lúcio Funaro. Segundo Joesley, Temer também disse que poderia ajudar Cunha com dois ministros do Supremo.
O objetivo era mantê-los calados, sem delatar os esquemas de propina da empresa a autoridades brasileiras. “Dar alpiste aos passarinhos na gaiola” era a forma como eles se referiam à operação.
Conforme a versão de Saud, certa vez o chefe do Palácio do Planalto quis saber de Joesley como estavam os repasses. “Temer sempre pedia para manter eles lá. O código era ‘tá dando alpiste para os passarinhos? Os passarinhos tão tranquilos na gaiola?'”, relatou Saud em depoimento prestado no dia 10 de maio à PGR (Procuradoria-Geral da República).
Ainda de acordo com o lobista, a propinas pagas em parcelas eram provenientes de contrato fraudulento para obter recursos do fundo de investimento do FGTS, liberados por influência do então vice-presidente da Caixa Econômica Federal, Fábio Cleto, alvo de investigação em janeiro pela Lava Jato. Foi quando as parcelas do acordo estavam perto do fim, que a JBS passou a pagar, então, pelo silêncio da dupla.
Inicialmente, segundo Saud, era Geddel Vieira Lima, então ministro da Secretaria de Governo , quem cobrava Joesley Batista para “dar alpiste aos passarinhos”. Em janeiro deste ano, quando o apartamento de Geddel foi alvo de ação de busca e apreensão da Polícia Federal, Temer passou a a ser o responsável por cobrar os acertos, disse Saud.