Quinta-feira, 14 de agosto de 2025

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Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

O Brasil vive um impasse crônico: por que ainda não conseguiu ingressar no seleto grupo de países desenvolvidos, mesmo com um território continental, recursos naturais abundantes e uma população numerosa? A resposta passa, necessariamente, pela incapacidade de gerar complexidade econômica. Nunca fomos, é fato, um país que tivesse vocação ao planejamento de longo prazo. Ao longo das décadas, empilhamos oportunidades perdidas e desperdiçamos muito de nossa energia em guerras internas, improdutivas e paralisantes. Nesse aspecto, a chacoalhada que as tarifas impostas pelo Governo americano pode ser uma oportunidade para quebrar a inércia e avançar rumo a um plano que dê ao Brasil a chance de ingressar na prateleira superior dos países desenvolvidos. Não é uma missão fácil, mas as condições estão dadas e são claras: somente iremos prosperar se formos capazes de agregar maior complexidade econômica em nosso sistema produtivo, aí envolvendo não apenas o setor primário, mas também o comércio, serviços e especialmente a nossa indústria.

Complexidade econômica é a capacidade de um país produzir e exportar uma diversidade de bens sofisticados, baseados em conhecimento. Países que dominam a fabricação de semicondutores, equipamentos médicos, softwares ou tecnologias verdes possuem economias muito mais resilientes e produtivas do que os que se apoiam em commodities agrícolas ou minerais. O Brasil, neste aspecto, permanece preso a uma estrutura produtiva primária e de baixo valor agregado.

No entanto, países que escaparam dessa armadilha seguiram um caminho comum: a combinação inteligente entre Estado e mercado. Nenhum país chegou ao topo apenas confiando nas forças espontâneas do mercado. O desenvolvimento é sempre, em alguma medida, planejado. A Coreia do Sul, a Alemanha e mais recentemente a China, vêm reescrevendo os manuais de desenvolvimento ao implementar uma economia mista com alto grau de coordenação estatal. Esses países investem em infraestrutura, educação e tecnologia com metas claras de longo prazo, alcançando níveis de sofisticação que denotam a importância da combinação entre o planejamento estatal e o empreendedorismo privado.

Esse novo caminho deve partir de três pilares centrais. O primeiro é a construção de um Estado estrategista, que planeje, coordene e apoie o setor produtivo de forma inteligente, técnica e livre de amarras burocráticas ou práticas clientelistas. Um Estado que ajude a reduzir riscos e incertezas, e não que os multiplique. Nesse sentido, a construção de um bom ambiente de negócios é essencial.

O segundo pilar é a adoção de uma política industrial moderna, baseada em dados e evidências, e não em lobbies ou protecionismos ultrapassados. Incentivos devem estar atrelados a desempenho, inovação, sustentabilidade e inserção global. É preciso identificar setores com potencial de sofisticação e promover o adensamento das cadeias produtivas, articulando empresas, universidades e centros de pesquisa.

Por fim, o terceiro pilar é a revalorização do conhecimento como motor do desenvolvimento. A revolução tecnológica atual, marcada por inteligência artificial, biotecnologia, transição energética e novas cadeias produtivas, exige capital humano altamente qualificado. É hora de reformar o ensino técnico, ampliar o acesso a cursos em áreas científicas e tecnológicas e transformar universidades públicas em polos de inovação.

O Brasil precisa sair do impasse entre estatismo ineficiente e liberalismo ingênuo. Deve construir um modelo próprio, voltado à inovação, ao conhecimento e à ambição de, finalmente, ocupar o lugar que lhe cabe entre as nações desenvolvidas. O episódio do tarifaço de Trump, ao tempo em que assusta, também expõe nossas fragilidades e nos convida a reagir, investindo com inteligência e senso de oportunidades em nossas melhores competências. Somente desta maneira conseguiremos, não apenas dar condições adequadas de vida aos brasileiros, mas também proteger o País contra futuras investidas de outros países, como agora no caso da guerra comercial fomentada pelos EUA.

Instagram: @edsonbundchen

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