Segunda-feira, 09 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 25 de novembro de 2015
Simulações fazem parte da formação médica há séculos. Porém, os avanços tecnológicos em informática, materiais e produção, incluindo impressão tridimensional, estão levando os simuladores a um nível de realismo antes inimaginável.
Em sua Reunião Global de Inovação Pediátrica anual, o Hospital Infantil de Boston, nos Estados Unidos, revelou dois novos simuladores de bebê com sensação real da pele de recém-nascido, músculos e veias pulsantes. Um será utilizado para simular circulação extracorpórea em recém-nascidos; o outro permitirá aos médicos praticar a colocação de dreno em um cérebro minúsculo tomado por fluidos. Debaixo dos torsos e pescoços cobertos de silicone dos pequenos manequins encontram-se músculos esculpidos e modelados à mão, com vasos sanguíneos cheios de sangue falso – com a rigidez certa para parecer realista.
Dr. Dan Hashimoto, no terceiro ano de residência do Hospital Geral de Massachusetts, também vem treinando o que é conhecido como toracotomia de emergência em um boneco de borracha e plástico que – tirando o fato de não ter cabeça – parecia e agia de forma muito similar ao corpo humano.
Os “bebês” do Hospital Infantil e a simulação de toracotomia com o boneco em Massachusetts foram criados por pessoas com experiência em efeitos especiais para cinema. A Fractured FX, vencedora de um prêmio Emmy pelos efeitos especiais no seriado “American Horror Story”, projetou os manequins dos bebês. O boneco do Hospital Geral de Massachusetts foi feito pelos fundadores do Chamberlain Group, que trabalharam nos efeitos especiais de filmes como “Matrix”.
Os materiais são os mesmos utilizados em sets de filmagem, para as próteses parecerem reais, afirmou Justin Raleigh, diretor da Fractured FX. Contudo, ele acrescentou que os padrões de realismo da empresa eram muito mais elevados nos simuladores do que em Hollywood. Ele trocou exames de ressonância magnética, tomografias e conversou horas com os engenheiros e médicos do Hospital Infantil de Boston para fazer corretamente os detalhes anatômicos, chegando às membranas fibrosas entre músculos e veias.
Esse realismo de vanguarda permite que as equipes médicas aprendam melhor, disse o Dr. Peter Weinstock, que dirige o caro programa SIMPeds do Infantil de Boston. No Geral de Massachusetts, a simulação se tornou uma parte regular da prática da medicina, para treinar estudantes e manter afiadas as habilidades dos dez mil funcionários clínicos, declarou o Dr. James Gordon, diretor de Laboratório de Aprendizagem MGH do hospital. Dez departamentos do hospital agora contam com configurações de simulação – incluindo um manequim escondido atrás de uma cortina na sala dos pacientes no pronto-socorro – dessa forma, a ocupada equipe hospitalar pode facilmente encaixar o treinamento no cotidiano.
Realismo.
Embora os participantes do simulador saibam que estão trabalhando em bonecos plásticos supervisionados por professores, eles costumam mergulhar na experiência. Os monitores apitando, a ferida aberta e a pressão para diagnosticar ou tratar corretamente faz parecer uma coisa real. “Quando abri o peito e vi o pericárdio e sangue por ali, nessa hora esqueci de todo o resto”, disse Hashimoto, a respeito da membrana que envolve o coração.