Sexta-feira, 07 de março de 2025
Por Redação O Sul | 4 de julho de 2024
Uma mensagem de WhatsApp atribuída a José Timotheo Barros mostra o ex-diretor das Lojas Americanas comemorando como se tivesse marcado um gol ao saber que a fraude poderia ser ampliada no trimestre seguinte, aponta documentos da investigação da Polícia Federal (PF) sobre suposto rombo financeiro das Americanas no valor de R$ 25,3 bilhões. Em meio à discussão sobre a emissão das cartas falsas, Barros questiona se eles “conseguiriam um pouco mais”. Ele obteve uma resposta positiva e vibra: “Seria ótimo. Gol de placa”.
Em nota, a rede varejista diz que “foi vítima de uma fraude de resultados pela sua antiga diretoria, que manipulou dolosamente os controles internos existentes”. O ex-CEO das Americanas Miguel Gutierrez negou, por meio de sua defesa, qualquer participação em fraude e disse colaborar com as autoridades. A defesa do ex-diretor José Timotheo Barros afirmou que desde o início das apurações, documentos, informações econômicas e dados telemáticos foram colocados à disposição para a apuração do caso.
Na conversa entre Barros e a ex-funcionária Flávia Carneiro (esta fechou acordo de delação premiada), o então diretor pertencente ao terceiro escalão do grupo, de acordo com a PF, fala especificamente das cartas verba de propaganda cooperada (VPC). De acordo com as investigações, as cartas fictícias de VPC eram registradas através de uma relação produzida em um arquivo excel pela área de suporte comercial. As cartas fictícias são também conhecidas como “B”, “extras” ou “extraordinárias”.
A lista era encaminhada ao centro de serviços compartilhados (CSC), responsável por inserir os dados no sistema, sem a necessidade de apresentação de documentos comprobatórios. Outro ex-funcionário que colaborou com as autoridades foi Marcelo Nunes.
De acordo com a PF, Nunes e Flávia afirmaram que, a partir de 2017, o “resultado aprovado pelo CEO era compartilhado pela colaboradora (Flávia) com Leonardo Veloso, que verificava o valor total aprovado, checava o valor total de cartas VPC ‘A’ (reais) já registradas no sistema, e passava o valor da diferença (’arrecadação complementar’) para Paula Faria, do suporte comercial”.
Paula, por sua vez, segue a PF, “preparava um arquivo em Excel, detalhado por carta, fornecedor e valores pulverizados no modelo específico padrão de lançamentos manuais massivos, e repassava a João Prego, do CSC, para upload no sistema contábil do SAP, que efetuava o registro no módulo de contas a receber”.
A investigação até o momento afirma ainda que os diretores das Americanas usaram, por exemplo, a expressão “arrecadação complementar”, termo que, segundo a PF, era “mais agradável para se referir à fraude contábil”. Neste ponto, investigadores apontam “fraude de registro de cartas de Verba de Propaganda Cooperada”.