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Por Redação O Sul | 27 de julho de 2015
A Justiça portuguesa impôs prisão domiciliar ao ex-presidente do BES (Banco Espírito Santo) Ricardo Salgado, segundo confirmou, no sábado, seu advogado, Francisco Proença de Carvalho. Salgado prestou, na sexta-feira, depoimento perante o juiz durante cerca de 12 horas no marco da investigação iniciada pelas autoridades portuguesas sobre os motivos e circunstâncias que rodearam a queda do Grupo Espírito Santo, proprietário do BES, em 2014.
As autoridades suspeitam que na origem da derrocada deste império familiar – um dos maiores de Portugal e com participações em diferentes setores – existem irregularidades que podem constituir um crime. De fato, em setembro do ano passado, a procuradoria de Portugal confirmou a criação de uma “equipe de agentes do Departamento Central de Investigação e Ação Penal” dedicada exclusivamente a esclarecer “os processos relacionados com o universo do Espírito Santo”, depois que pessoas que se consideram prejudicadas pela queda do conglomerado empresarial apresentaram denúncia.
“No âmbito destas investigações foram constituídas como suspeitas seis pessoas pela prática de crimes de falsificação, falsificação informática, abuso de confiança, fraude fiscal, corrupção no setor privado e lavagem de capitais”, detalha o comunicado enviado ainda na sexta-feira pelo Ministério Público. O advogado que representa Salgado anunciou que recorrerá das medidas de coação impostas pelo magistrado a seu cliente, entre elas a prisão domiciliar, que qualificou de “desproporcional”.
O antigo banqueiro – considerado, até poucos meses atrás, um dos homens com mais poder e influência de Portugal – não estará monitorado com uma pulseira eletrônica. No entanto, precisará de permissão do juiz toda que vez que desejar deixar sua residência.
Queda
A queda do Grupo Espírito Santo começou a ser visível no ano passado e acabou por afetar o banco do império familiar, que naquele momento era a segunda maior entidade em volume de ativos de Portugal. O BES foi intervindo pelo Banco de Portugal após registro de perdas multimilionárias depois de análise exaustiva, que revelou operações de alto risco desconhecidas até aquele momento, de suas contas.