Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 29 de julho de 2020
Serra e a filha se tornaram réus no processo que investiga pagamentos feitos pela construtora Odebrecht entre 2006 e 2014.
Foto: Valter Campanato/Agência BrasilO senador e ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB-SP) e sua filha, Verônica Serra, se tornaram réus na Operação Lava-Jato nesta quarta-feira (29), após a denúncia apresentada pela força-tarefa daquele Estado ser aceita pelo juiz Diego Paes Moreira, da 6ª Vara Criminal Federal.
Segundo o MPF (Ministério Público Federal), a Odebrecht fez pagamentos indevidos ao senador do PSDB por meio de contas no exterior. Construtora pagou R$ 4,5 milhões entre 2006 e 2007 e cerca de R$ 23 milhões entre 2009 e 2010, segundo a denúncia.
Ainda conforme o MPF, os valores foram pagos no exterior, com intermediação de José Amaro Ramos, e chegaram a contas de Verônica Serra onde foram mantidos ao menos até 2014.
Uma decisão do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Dias Toffoli, porém, também nesta quarta-feira, suspendeu todas as investigações da Lava-Jato sobre a campanha de Serra.
Serra e Verônica se tornaram réus no processo que investiga pagamentos feitos pela construtora Odebrecht entre 2006 e 2014, em contrapartida a benefícios nos contratos envolvendo o Rodoanel Sul.
A defesa de Serra se manifestou dizendo que o recebimento da denúncia pela Justiça Federal, ocorrido após a decisão emanada da Suprema Corte, “só confirma, outra vez mais, o desapego à Lei e a Constituição Federal por quem haveria de protegê-las.”
A nota da advogada Flávia Rahal Pertence diz ainda que as investigações da Lava-Jato e do Ministério Público Eleitoral culminaram em “abusos inaceitáveis” contra o senador, e que em ambas as esferas, era evidente “o excesso e ilegalidade das medidas” determinadas contra o senador da República, em clara violação à competência do Supremo Tribunal Federal e em inegável tentativa de criar fantasias relacionadas a seu mandato parlamentar”.
A defesa de Verônica disse estar surpresa com o recebimento da acusação e chamou de “sequência de eventos espetaculosos” com “motivação política”
O PSDB em São Paulo afirma que reitera a confiança no senador “cuja história é marcada pela ética, pela retidão e pela qualidade das contribuições a São Paulo e ao Brasil”.
A Odebrecht, também por meio de nota, afirmou que a notícia é o desdobramento judicial de fatos do passado apontados ou reconhecidos pela própria Odebrecht. “Não tem nada a ver com a Odebrecht de hoje. Desde os acordos firmados com as autoridades brasileiras e estrangeiras, em 2016, a Odebrecht passou por profunda transformação”, limitou-se a afirmar na nota.